quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O Segredo da Porta Fechada (The Secret Beyond The Door) - 1947

AKA: O Segredo Atrás da Porta

Sinopse: Mulher se casa impulsivamente com milionário misterioso. Ao voltar da lua de mel, ela descobre que seu marido é obcecado em reconstituir cenários de assassinatos famosos. Um dos cômodos de sua coleção, porém, encontra-se trancado. Na busca por descobrir o que há no quarto trancado, a mulher começa a descobrir uma série de segredos e horrores ocultos na vida de seu novo marido.


Direção: Fritz Lang

Elenco: Joan Bennett
Michael Redgrave
Anne Revere
Barbara O'Neil



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Legenda PT-BR

 

Comentário: Um dos melhores filmes da fase americana de Lang, "O Segredo da Porta Fechada" é uma cópia descarada do "Rebecca", do Hitchcock. Praticamente o mesmo enredo, a mesma ambientação de horror gótico e, o mais incrível, um final IDÊNTICO. Por que então não ver direto o "Rebecca", perguntará o asno do leitor. Há algo em que Lang sempre se sobressaiu em relação a seus pares mais sofisticados: sua energia pulp e seu orgulho em fazer cinema B. A narrativa ágil combinada com todos os exageros e absurdos do Lang tornam "O Segredo" um longa envolvente e divertidíssimo, ao contrário da outra penca de melodramas que também tentaram pegar carona no oscarizado "Rebecca". Além disso, a liberdade e despretensão da produção garantiram a Lang a possibilidade de acrescentar algumas maravilhosas sequências surrealistas experimentais aqui e ali... que por sinal lembram bastante o "Quando Fala o Coração", também de Hitchcock. A sem vergonhice dos alemães não conhece limites.

domingo, 18 de novembro de 2012

Esta Noite Encarnarei No Teu Cadáver - 1967

Sinopse: O coveiro Zé do Caixão, obcecado pela ideia de gerar o filho perfeito, um ser superior livre de dogmas religiosos ou códigos sociais e que age apenas pelo instinto, rapta diversas mulheres e as submete a brutais torturas. Quem sobreviver estará apta a conceber seu filho. Ele descobre, porém, que entre suas vítimas fatais estava uma mulher grávida. Corroído pela culpa, Zé vai aos poucos enlouquecendo e se tornando cada vez mais violento e imprevisível.


Direção: José Mojica Marins

Elenco: José Mojica Marins
Tina Wohlers
Nadia Freitas
Jose Lobo





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Comentário:


Esta Noite Encarnarei No Teu Cadáver” é, sem a menor sombra de sarcasmo, a obra-prima de José Mojica Marins. A continuação de “À Meia-Noite Levarei Sua Alma” segue o esquema da continuação que é quase um remake de seu predecessor, só que maior em tudo - e é um dos exemplos raros exemplos onde isso efetivamente funciona. Se antes Zé do Caixão era um simples serial killer, agora ele age movido por firmes convicções ideológicas e filosóficas. Se antes agia sozinho, agora conta com um capanga corcunda e deformado no melhor estilo Igor do Dr. Frankenstein. E se antes seu inimigo era sua própria loucura, aqui ele enfrenta, além disso, oponentes de peso: grandes produtores agropecuaristas, conservadores, a Igreja e o maior inimigo de todos, esse fora das telas: a ditadura militar, que vetou o final original e exigiu de Mojica um desfecho cristão edificante (que apesar de tudo, é estranhamente adequado de uma forma involuntariamente sarcástica). (Mais) Um sinal da estupidez dos militares: o personagem de Zé do Caixão, em todo o seu ateísmo fanático e desprezo pela ordem vigente, antes de ser uma crítica subversiva, é o oposto. Zé é um psicopata justamente pela sua falta de Deus no coração - e o final enxertado foi devidamente corrigido no contemporâneo "Encarnação do Mal", para deleite dos aficcionados.

     Tende-se a comparar Mojica com outros cineastas de seu tempo, como Mario Bava na Itália ou Roger Corman nos EUA. Mas há algo que o distancia de todos eles: se Corman fazia filmes de horror em um país cuja indústria cinematográfica sempre viu no gênero seu pilar central de sustentação, e se Bava fazia experimentos visuais em uma Itália cuja produção fílmica está em estado permanente de ebulição, Mojica fazia do horror a sua aventura em um país que mal e porcamente se dedicava ao cinema de gênero como um todo, que dirá de terror (um exemplo do pioneirismo visual de Mojica que não deixa nada a dever para suas contrapartes do primeiro mundo está na sequência colorida em Zé do Caixão sonha ser arrastado ao inferno - feito de gelo, diga-se). Afora o aprumo visual, Esta Noite Encarnarei No Teu Cadáver” é um patrimônio nacional pela sua pura alegria em ser perverso. 

domingo, 11 de novembro de 2012

Até o Vento Tem Medo (Hasta el Viento Tiene Miedo) - 1968

Sinopse: Em um rigoroso colégio interno feminino, jovens são forçadas a passar as férias de verão nas dependências da escola como punição por terem entrado em uma torre abandonada proibida aos alunos. Com o passar dos dias, elas começam a suspeitar que o edifício é habitado pelo fantasma de uma aluna que cometeu suicídio ao passar por um castigo similar no passado.


Direção: Carlos Enrique Taboada


Elenco: Marga López
Maricruz Olivier
Alicia Bonet
Norma Lazareno.




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Comentário: Não chegar sequer perto da obra-prima de Taboada, "Veneno Para As Fadas", mas é um excelente exemplo de como uma direção firme pode salvar um roteiro medíocre (aquela coisa de sempre de casarões assombrados por fantasmas vingativos). Econômico até o talo, Taboada ainda permite sequencias maravilhosas (o pesadelo da abertura e quando uma das jovens faz um dos strip-teases, mas aqui estou avaliando os fatores puramente técnicos) nessa pequena fábula moral sobre opressão. Influência direta para Del Toro, Cuarón e Iñárritu, "Até o Vento Tem Medo" também é muito veladamente sobre homossexualidade em um colégio interno para moças, então tem isso.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Homem Que Odiava as Mulheres (The Boston Strangler) - 1968

Sinopse: Serial killer aterroriza a cidade de Boston. O governo federal intervém no caso e coloca o detetive Frank McAfee (Henry Fonda) à frente das investigações. Mas Frank é um investigador da Receita Federal, não habituado a esse tipo de crime. A situação se complica porque o serial killer, o encanador John Bottoml (Tony Curtis), possue dupla personalidade e não sabe que é o assassino. Baseado em fatos reais.

Direção: Richard Fleischer

Elenco: Tony Curtis
Henry Fonda
George Kennedy




 
 
 
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Comentário:

       O que chama a atenção logo de cara em “O Homem Que Odiava As Mulheres” é que trata-se de uma das últimas relíquias do sistema de estúdios americano, já em seus anos finais graças às mudanças de paradigma impostas pela Nova Hollywood. Anda assim - ou por isso mesmo - está plenamente ciente das transformações sociais de sua época ao trazer para a tela uma quantidade até então chocante de violência gráfica, e uma abordagem científica incomum da psicológica, sem tabus (a referência até então era evidentemente o "Psicose" de Hitchcock). Fleischer parecia estar a par também de tendências cinematográficas: o filme bebe claramente da fonte dos recém surgidos giallos italianos, e inova tecnicamente com um interessante uso da tela dividida - levada ao seu limite.

      Outra característica inovadora do filme é seu clima documental, seco, sóbrio, que em sua obsessão pela recriação dos mínimos detalhes, acaba resultando em um filme que muitos podem acusar de ser frio e desapaixonado - e não poderiam estar mais enganados. “O Homem Que Odiava As Mulheres” talvez seja o marco inicial do true crime americano e seu legado é sentido até hoje (David Fincher, por exemplo, deve tê-lo visto umas boas vezes nos seus anos de formação), não apenas pela abordagem moderna mas também por ir a um lugar onde pouquíssimos filmes ousaram ir: literalmente (e eu não estou usando a palavra “literalmente” à toa) dentro da mente de um serial killer.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Calafrios (Shivers) - 1975

AKA: Orgy of the Blood Parasites
AKA: The Parasite Murders
AKA: They Came From Within
AKA: Frissons 

Sinopse: Moradores de um condomínio de luxo isolado são atacados por um verme que os transforma em zumbis sedentos por sexo e violência.


Direção: David Cronenberg

Elenco: Paul Hampton
Joe Silver
Lynn Lowry
Allan Kolman

 



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Comentário:

        Em seu primeiro longa, David Cronenberg, o santo padroeiro deste blog, já mostrava ao mundo todo o seu poder como realizador. Partindo de um sexploitation de quinta categoria, Cronenberg consegue elevar o conceito básico, primeiro não intencionalmente com seu tradicional horror biológico (na ocasião do lançamento o mundo estava prestes a entrar em uma nova era de pânico com o surgimento da AIDS, algo que ressoa aqui pelo agente causador da epidemia de zumbis ser [um verminho] sexualmente transmissível) e, segundo, ao contrapor os mortos-vivos capitalistas de Romero com seres alegremente tesudos.
          Cronenberg não pôde fugir do gore e da carnificina usual do gênero, mas ela aqui é reduzida ao seu mínimo e no lugar chama a atenção o retrato estranhamente positivo do contágio. Os moradores do condomínio de classe média alta (ambientação saída direto de um romance do J. G. Ballard), antes burgueses azedos e engessados, após a infecção, parecem passar por um processo de libertação; ao invés de sedentos de carne humana, tornam-se hiper libidinosos, alegremente sencientes e sedentos pelo próximo contato carnal. Não à toa, os último combatentes, os "heróis", são  justamente os personagens mais reacionários imagináveis. O clímax - literal - longe de retratar o mundo acabando com um estrondo, termina num gemido; após uma orgia digna de Roma em plena decadência, todos os personagens saem felizes e satisfeitos prontos para levarem a revolução sexual ao resto dos subúrbios frígidos.
         Se Romero usou a alegoria dos zumbis para apontar contradições inerentes das sociedades neoliberais, Cronenberg deu um passo à frente para abraçar (ou zombar) da revolução sexual que tomou o ocidente de assalto entre as décadas de 1960 e 1970. Num mundo onde as forças conservadoras novamente tomam os holofotes - e onde os zumbis estão mais banais do que nunca -, "Calafrios" é um bem-vindo antídoto.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Alucinações do Passado (Jacob's Ladder) - 1990

Sinopse: Veterano da Guerra do Vietnã passa a sofrer alucinações pertubadoras relacionadas a um combate em que foi gravemente ferido. Ele descobre que outros combatentes envolvidos no episódio estão tendo os mesmos sintomas. Eles então decidem descobrir a verdade sobre o que realmente aconteceu aquele dia.

Direção:
Adrian Lyne

Elenco:
Tim Robbins
Elizabeth Peña
Danny Aiello
Jason Alexander
Eriq La Salle


 




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Legendas PT-BR


Comentário:
É difícil falar sobre as qualidades de “Alucinações do Passado” sem entregar seu "final surpresa” manjado - ainda que nem o filme tente nos esconder a verdade. Independente dele, a espiral de paranoia em que o personagem de Tim Robbins (em atuação vigorosa, diga-se) se afunda é construída de forma cuidadosa e sufocante, com a atmosfera de um pesadelo. Se por um lado há um elemento espiritual explicito na trama, Lyne bebe também da fonte dos thrillers políticos setentista do auge da Era Nixon quando entra o elemento de filme-denúncia, focando em experimentos realizados pelo exército norte-americano durante a Guerra do Vietnã tanto em prisioneiros vietcongues quanto em seus próprios soldados. Não importa qual caminho o espectador queira seguir, o do drama existencial ou do filme de conspiração, “Alucinações do Passado” é um vencedor nos dois.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Viagens Alucinantes (Altered States) - 1980

Sinopse: Cientista sintetiza droga utilizada em rituais por tribos mexicanas. Para fins experimentais, ele consome a droga e se tranca em um tanque de imersão, que o deixa completamente isolado do mundo exterior. O objetivo é atingir os mais profundos níveis do inconsciente, para assim descobrir o "homem primordial", a origem da mente humana. O experimento, porém, foge do controle.

Direção: Ken Russell

Elenco: William Hurt
Bob Balaban
Blair Brown
Drew Barrymore





 
 
Comentário: Foram poucos os filmes em que Ken Russell não teve controle total sobre sua obra. “Viagens Alucinantes” é um deles e, por isso, talvez sua obra mais acessível. Russell notoriamente é conhecido por seus longas surtados e extremos, mas como aqui foi contratado às pressas (substituindo Arthur Penn, demitido já durante a produção) foi forçado a maneirar - o que funciona a favor do filme. Na onda dos experimentos com psicotrópicos em ambientes controlados de Timothy Leary e Aldous Huxley, e combinando elementos da psicologia jungiana, o roteiro é uma instigante reflexão sobre os limites do poder do inconsciente e da herança espiritual da humanidade... e como isso pode levar uma pessoa a virar um macacão assassino urrando pela noite.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A Sentinela dos Malditos (The Sentinel) - 1977

Sinopse: Em Nova York Alison Parker, uma modelo, namora Michael Lerman, um advogado. Apesar dele querer casar, ela decide que precisa ter no momento um espaço só seu e assim aluga um apartamento, onde no último andar mora um padre cego, que tem uma vida totalmente reclusa. No novo lar tem dificuldades para dormir, por causa de flashbacks da sua tentativa de suicídio. No entanto, o mais alarmante é o surgimento de alguns ?vizinhos? que, gradativamente, se descobre que são todos assassinos que já morreram.

Direção: Michael Winner

Elenco: Ava Gardner
Chris Sarandon
Cristina Raines

 
 
 
 
 
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Comentário: "Sentinela dos Malditos" é daqueles que nos faz repensar quais aspectos técnicos são realmente essenciais para um filme ser minimamente decente. O amadorismo tanto da edição quanto da fotografia são dignos de uma produção televisiva ruim; mas para um suspense o que basta é ter um roteiro envolvente e assim manter o interesse do espectador até o final, que é quando normalmente reserva o que tem de melhor. E nisso o filme sem dúvidas corresponde; mantém a história sob o controle o tempo todo, joga a música certa nos momentos certos, e termina com um clímax legal - e além de tudo dá um exemplo de bom senso e ensina uma boa forma de economizar dinheiro de produção ao utilizar pessoas deformadas reais, ao invés de maquiagem, para representar as criaturas do inferno; muita sensatez e bom gosto do sr. Winner, um verdadeiro vencedor.
    Outro detalhe que vale atenção é o elenco, só para citar alguns nomes, temos Eli Wallach, Jeff Goldblum, Christopher Walken, Ava Gardner, Martin Balsam, entre outros; e todos muito bem aproveitados (se juntar todas as falas deles, não deve dar nem uma página do roteiro; a participação mais relevante de Christopher Walken, por exemplo, é quando ele atende um telefone). Enquanto isso, um Chris Sarandon pra lá de canastra com  bigodinho sensual co-protagoniza com uma atuação vergonhosa, mas felizmente  a menina principal dentucinha é bem gatinha e manda bem. Enfim, em meio a alguns defeitos, o saldo geral é bem positivo, até por que filmes com tramas diabólicas dificilmente deram errado na década de 70.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O Inquilino (The Lodger - A Story of The London Fog) - 1927

AKA: O Pensionista

Sinopse: Em Londres, um serial killer conhecido como “O Vingador” passa a atacar mulheres jovens e loiras. Enquanto isso, Jonathan Drew se hospeda na pensão do casal Bounting. Jonathan costuma sair em noites de névoa e também guarda a foto de uma moça loira em seu quarto, o que leva os Bounting, e principalmente, o detetive Joe Chandler, noivo de Daisy, filha dos Bouting, a suspeitar de que ele possa ser o assassino.


Direção: Alfred Hitchcock


Elenco: Ivor Novello
Marie Ault
Arthur Chesney
Malcolm Keen



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Legenda PT-PT


Comentário:O Inquilino” é o primeiro thriller de Alfred Hitchcock, e também sua primeira obra-prima. A narrativa visual é o cinema mudo em seu auge; uma era em que os filmes, apesar de incompletos pela ausência do áudio, eram mais cinematográficos do que jamais voltariam a ser. Aqui Hitchcock também estabelece economia nas inserções textuais da mesma forma que depois reduziria as falas ao seu nível mais utilitarista no cinema sonoro. O pioneirismo imagético aqui se justifica pela complexidade do roteiro: diversas linhas temporais narrativas sobrepostas e um final anticlimático perfeito. Fracasso na ocasião de seu lançamento, hoje é celebrado como um dos pilares de fundação da gramática cinematográfica, numa época em que ser cineasta era, sobretudo, ser um artesão.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Os Meninos (¿Quién Puede Matar a un Niño?) - 1976

AKA: Quem Pode Matar uma Criança? 
AKA: Island of the Damned
AKA: Who Can Kill a Child?
AKA: Os Revoltados do Ano 2000 (Portugal, parabéns, Portugal)
AKA: The Killer's Playground

Sinopse: Um casal de turistas ingleses chega a uma ilha onde todas as crianças ficaram loucas e estão assassinando os adultos...

Direção: Narciso Ibáñez Serrador

Elenco: Marisa Porcel
María Luisa Arias
Miguel Narros
Antonio Iranzo



 
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Comentário: Os Meninos (!) tem como introdução um simples, porém conciso e estarrecedor documentário de dez minutos, mostrando crianças de diferentes épocas e lugares, sendo vítimas da crueldade humana, condenadas por uma culpa que não lhes pertence, tendo sua inocência roubada pelo "sistema dos adultos". Como culpá-las então, se decidissem usar da mesma crueldade para defender-se contra quem parece mais disposto a prejudicá-las do que a  defendê-las? 
    Mas, se na visão do diretor a violência banalizava-se a ponto de se tornar brincadeira de criança, o mesmo não se pode dizer de seu filme, que a evita o quanto pode, e mesmo que os planos não pareçam interessados em mostrá-la em muitos dos momentos, ela está lá, na angústia do silêncio, no sorriso malicioso das crianças e no tom incisivo de desconforto que permanece do primeiro ao último minuto do filme - na verdade desde o primeiro segundo, porque já começa com o cantarolar sinistro de uma criança.
    Felizmente ninguém lembra de Os Meninos (aff), num mundo onde existe Colheita Maldita, então esperemos que assim continue, porque um remake estragaria tudo e nunca faria jus a essa sutil e perturbadora obra de Narciso Ibáñez Serrador. Aliás, não sei em que ano exatamente Stephen King escreveu As Crianças do Milharal, mas se foi depois de ter assistido a Os Meninos (aiai), o sr. é um baita dum plagiador, sr. King, devia se envergonhar.

domingo, 23 de setembro de 2012

À Meia-Noite Levarei Sua Alma - 1964

Sinopse: Zé do Caixão, coveiro de uma pequena cidade do interior, farto de presenciar a liturgia católica em funerais, decide gerar o filho perfeito, um ser superior livre da fraqueza provocada pelos sentimentos, pela ignorância e pela religião. Para tal, ele passa a torturar e matar diversas mulheres, em busca da fêmea à sua altura de seus planos. 

Direção:
José Mojica Marins


Elenco: José Mojica Marins
Magda Mei
Nivaldo de Lima
Mário Lima







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Comentário:

          À Meia-Noite Levarei Sua Alma” não é o primeiro filme de José Mojica Marins, mas é o primeiro protagonizado pela sua mais famosa criação, o Zé do Caixão. O notável a respeito dessa obra é que trata-se talvez do primeiro horror tipicamente brasileiro. Ele é produto direto de nosso folclore, de nossas superstições, de nossas neuroses e, principalmente, de nosso sincretismo religioso. É um filme sobre o brasileiro que de manhã vai na missa, e à noite vai no terreiro de umbanda.

Ainda mais notável saber que Mojica fez esse filme com pouco conhecimento técnico, com uma equipe de amadores, com um roteiro improvisado e praticamente pelo preço de um salgado com caldo de cana - algo que surpreendentemente não se reflete no produto final. “Á Meia-Noite Levarei Sua Alma” foi capaz de criar um dos personagens mais famosos da cultura brasileira e de quebra, ainda gerar cenas genuinamente perturbadoras que ficarão marcadas para sempre nos anais do terror, como quando Zé come de forma selvagem um pedaço de carne enquanto gargalha em frente à uma procissão de sexta-feira santa. Um filme que nós, brasileiros, precisamos redescobrir e celebrar.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Filhos do Medo (The Brood) - 1979

Sinopse: Agente imobiliário recém divorciado começa a se ver cercado por assassinatos brutais provocados por crianças mutantes. Ao investigar esses seres, ele descobre que eles podem estar ligados a uma clínica psiquiátrica experimental onde sua ex-mulher está internada.


Direção: David Cronenberg

Elenco: Art Hindle
Henry Beckman
Nuala Fitzgerald
Oliver Reed






 
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Comentário: Senhores, contemplem: esse é o equivalente cinematográfico do nascimento de um novo galho na árvore da evolução darwiniana. Foi neste “Filhos do Medo” que Cronenberg se entregou pela primeira vez de corpo e alma ao seu biohorror, a obsessão entre condições biológicas anormais e seus efeitos psicológicos no indivíduo (ou vice-versa, como no presente caso). É gloriosamente grotesco (infelizmente apenas no final, mas compensa), violento, bizarro e imensamente criativo sem jamais esquecer o que é: um mero filme de terror

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Inquilino (Le Locataire) - 1976

Sinopse: Polonês aluga, em Paris, apartamento de uma garota que acabara de cometer suicídio. Aos poucos, começa a reparar em hábitos e atitudes anormais de seus vizinhos, o que, aos poucos, o leva a crer que a jovem não cometeu suicídio - e que, na verdade, seus vizinhos fazem parte de um complô para assassina-lo.


Direção: Roman Polanski

Elenco: Roman Polanski
Isabelle Adjani
Melvyn Douglas
Jo Van Fleet
Bernard Fresson





 

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Magnet (Br-rip, 1,95Gb)

Legenda PT-BR 


OU

AVI, 1,55 Gb, COM LEGENDAS PT-BR INCLUSAS)

 

Comentário: Se “Chinatown” era uma resposta de Roman Polanski ao brutal assassinato de sua esposa grávida, Sharon Tate, esse “O Inquilino” é a forma que Polanski encontrou de exorcizar outro evento traumático, entre os muitos de sua vida: sua condenação por estupro nos EUA e subsequente fuga para a Europa. Não entrando no debate eterno da culpa ou não do Polanski (poxa gente, dá um desconto pro cara), o protagonista (não por acaso, interpretado pelo próprio, em atuação soberba) é um imigrante polonês, em terra estrangeira, sempre com a sensação de estar sendo observado, seguido e controlado por seus novos vizinhos. E todo o horror dessa obsessão paranoica, que pode estar ou não correta, culmina em um ato grotesco e inesperado. Fechando de forma brilhante a chamada “Trilogia do Apartamento” (composta, respectivamente, por “Repulsa Ao Sexo” e “O Bebê de Rosemary”), “O Inquilino” fecha também a fase de ouro de um cineasta cuja filmografia inteira, para o bem ou para o mal, é obrigatória a todos os amantes da sétima arte

domingo, 16 de setembro de 2012

O Estripador de Nova York (Lo Squartatore di New York) - 1982

AKA: O Esquartejador de Nova York

AKA The New York Ripper


Sinopse: Detetive e psicólogo nova-iorquinos iniciam uma caçada frenética por um serial killer que incorpora o personagem Pato Donald ao atacar suas vítimas.

Direção: Lucio Fulci

Elenco: Jack Hedley
Almanta Suska
Andrea Occhipinti
Paolo Malco








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Comentário:

            Como apontado na postagem do filme “Terror Nas Trevas”, Lucio Fulci, ao contrário de seus pares italianos, Mario Bava e Dario Argento, está muito mais interessado no gore do que na paleta de cores e na  composição da atmosfera. Assim, o que os giallos de Argento e Bava têm de belo, os giallos de Fulci têm de cru e perverso. É como se Fulci percebesse o quanto o giallo é na verdade um subgênero medíocre e apelativo, e, ao invés de mascarar isso com uma direção de arte deslumbrante, fosse direto ao ponto, fornecendo o que o espectador realmente pagou para ver: violência cruel, absurda e desenfreada.
            Se o fato de nesse “O Estripador de Nova York” o assassino incorporar o Pato Donald parecer um bônus despretensioso, aqui Fulci chega a um ponto-comum com seus conterrâneos: isso é levado a sério de tal forma que, ao final, há uma explicação psicológica complexa e imbecil para justificar esse elemento do roteiro. No mais, essa obra é legitimamente fulciana: todos os seus fetiches estão lá, em especial os indispensáveis objetos pontiagudos penetrando mortalmente globos oculares. E, no fundo, isso é tudo o que importa.


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Nosferatu - O Vampiro da Noite (Nosferatu - Phantom der Nacht) - 1979

Sinopse: Jonathan Harker viaja até a Transilvânia para vender uma propriedade a Conde Drácula, um maligno vampiro obcecado pela esposa de Harker, a bela Lucy. Ao se aproximar dela, Drácula espalha a peste negra e devasta as cidades por onde passa, e Lucy percebe que é a única que pode detê-lo.


Direção: Werner Herzog

Elenco: Bruno Ganz
Isabelle Adjani
Klaus Kinski
Carsten Bodinus
Clemens Scheitz






 

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OU


Magnet com legendas PT-BR já inclusas, 1,45Gb



Comentário: Werner Herzog é o maior herói da história do cinema e “Nosferatu – O Vampiro da Noite” é uma obra-prima. Remake feito do jeito certo porra.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Sedução e Vingança (Ms. 45) - 1981

Sinopse: Após ser estuprada duas vezes no mesmo dia, estilista muda enlouquece e passa a caçar homens e mata-los durante a madrugada.

Direção: Abel Ferrara

Elenco: Zoë Lund
Albert Sinkys
Darlene Stuto
Abel Ferrara












Download:

Magner (Br-rip, 1,23Gb)

Legenda PT-BR


Comentário: Clássico marginal do Ferrara em toda a glória oitentista da Nova York pós-apocalíptica. Cumpre o que propõe, sem firula.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Mais Próximo do Terror (Next of Kin) - 1982


AKA: Terror Fatal


Sinopse: Na Austrália, jovem muda-se para uma casa de repouso para idosos que pertenceu à sua falecida mãe. Lá encontra o diário da mãe, e percebe que misteriosos acontecimentos mencionados por ela nas páginas do diário começam a se tornar realidade - inclusive bizarros assassinatos.

Direção: Tony Williams

Elenco:
Jacki Kerin
John Jarratt
Alex Scott
Gerda Nicolson




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>> 1080p (qualidade pica) (1.08GB) >> Link magnético


>> Qualidade cagada com legenda embutida (730MB) (Mas a legenda foi feita por nós, antes de virar modinha) >> Link magnético



Comentário: Next of Kin é definido por Quentin Tarantino (AKA "Deus" para nós, posers) como o "Iluminado Australiano".
É uma comparação bem válida, - com as devidas proporções já evidenciadas no "Australiano" - se levado em consideração o esmero da fotografia em cada plano, o onirismo visual impactante, e o clima aterrador na interminável sensação de estar prestes a tomar um susto ao tatear da câmera pelos cômodos. Mas nada daquela montagem gratuita de hoje em dia, é o suspense gradativo bem construído, e sem apelar pro gore. Um trabalho de direção que realmente impressiona e fica difícil entender porque Tony Williams fez tão poucos filmes.

Experiência imersiva se vista de forma adequada (leia-se: à noite, no escuro, sem pausas).

Se quiserem ler um comentário melhor e mais motivador, aqui tem um: http://cinemaexmachina.wordpress.com/2010/12/13/next-of-kin-horror-perdido-na-memoria/


                                             Tarantino curte esse também



sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O Vídeo de Benny (Benny's Video) - 1992

Sinopse: Benny é um adolescente obcecado por um vídeo caseiro que mostra um porco sendo morto em um abatedouro. Um dia, ele leva uma jovem para seu apartamento, a mata brutalmente e grava tudo com sua câmera. Até que um dia seus pais descobrem a fita.


Direção: Michael Haneke

Elenco: Arno Frisch
Angela Winkler
Ulrich Mühe
Ingrid Stassner







 

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Magnet (Br-rip, 7,65Gb)

Legenda PT-BR 



Comentário:

       O austríaco Michael Haneke é provavelmente o cineasta cuja obra revela a visão de mundo mais sombria em todo o cinema contemporâneo. Para assistir a seus filmes é bom se cobrir com um cobertor de lã bem grosso: neles, o mundo é de uma frieza glacial. Todas as pessoas são distantes, fechadas, em constante repressão de sentimentos e emoções para sobreviverem em uma sociedade cinzenta, automatizada, asséptica e impessoal. A conclusão lógica desse mundo que perdeu sua humanidade é uma explosão brutal e sem sentido de violência. 
        E talvez nem isso revele o pouco de verdadeiramente humano que nos resta: Benny, aqui, comete um assassinato com a mesma indiferença que bebe um copo de água. A crítica de Haneke mira também a violência imagética: o fato de Benny ser fã de filmes de horror é diretamente responsável por suas ações ou a culpa cabe à sociedade fria, que só parece ter cor e emoção no cinema, tendo portanto um poder de influência maior do que, por exemplo, a família (vocês leitores assíduos, digam aí se já mataram alguém)? Seja como for, "O Vídeo de Benny" pode ser a representação do drama da existência pós-moderna, pode ser uma reflexão sobre o preço do progresso no primeiro mundo e de sua herança imperialista, pode ser um estudo da sociedade como um todo... ou pode ser mais uma esquisitice desses alemães que, como vocês sabem, não são um povo muito certo das ideias.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Terror nas Trevas (The Beyond) - 1981

AKA Itália: ...E tu Vivrai Nel Terrore! L'Aldilà

AKA Brasil: A Casa do Além


Sinopse: Joe, o encanador, vai checar um vazamento de água no porão de um hotel que Lisa recebeu de herança, e abre acidentalmente a sétima porta do inferno, dando inicio a horrores sangrentos.

Direção: Lucio Fulci

Elenco: Antoine Saint-John
Catriona MacColl
Cinzia Monreale
David Warbeck

 
 

 

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Magnet (Br-rip, REMASTERED, 1,66Gb)

Legendas PT-BR

 

Comentário: Nos filmes de Fulci tudo gira em torno do gore, mas nem por isso o "resto é resto", pois embora o diretor não se importe tanto com as cores vibrantes, como Argento e Bava,  cada detalhe é metodicamente voltado à composição da atmosfera. Ciente de que seu público anseia pela violência, ele o conduz ao prazeroso contraste do desespero da atmosfera lúgubre ao puro êxtase com o derramamento de sangue.
Repetindo a sempre bem sucedida parceria com o maquiador Giannetto De Rossi, o filme tem toda a epicidade esperada em termos goreográficos. A cena emblemática da vez é o ataque de caranguejeiras-carnívoras (?) à um homem convenientemente imóvel - tem ainda uma crucificação bacana; ácido corrosivo fazendo o que faz de melhor; cão-guia mau caráter atacando própria dona; e outras coisas.... Quanto ao roteiro, um conselho: não exija tanto de si mesmo tentando encontrar alguma lógica.



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terça-feira, 4 de setembro de 2012

No Mundo de 2020 (Soylent Green) - 1973

Sinopse: No longínquo e inimaginável ano de 2020, o aumento da temperatura resultante do aquecimento global arruína a produção mundial de alimentos, o que provoca o colapso da economia. A necessidade de alimentação desse mundo superpopulado é suprida por uma comida sintética chamada de soylent verde. Quando um alto executivo da corporação responsável pela produção do soylent é brutalmente assassinado, um investigador da polícia vê-se diante de um segredo aterrador por trás dessa produção.

Direção: Richard Fleisher

Elenco: Charlton Heston
Leight Taylor-Young
Joseph Cotten
Edward G. Robinson





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Comentário: Um dos mais bem construídos e convincentes futuros distópicos do cinemão americano; cada metro quadrado está atulhado de gente e a atmosfera calorenta e sufocante é palpável em cada cena exterior - que é aliviada e contraposta pelos frescos e refrigerados apartamentos brutalistas dos ricos. Não bastasse a cuidadosa produção e a trama policial pulp decente que a acompanha, o icônico e chocante desfecho de “No Mundo de 2020 (que envolve Heston de novo berrando algo para a plateia como no “O Planeta dos Macacos”) evoca as questões de um mundo por vir, mas sim os problemas de um presente ainda mais aterrador. De qualquer forma fico feliz em saber que Fleischer errou suas previsões estamos agora no melhor dos tempos.