domingo, 18 de novembro de 2012

Esta Noite Encarnarei No Teu Cadáver - 1967

Sinopse: O coveiro Zé do Caixão, obcecado pela ideia de gerar o filho perfeito, um ser superior livre de dogmas religiosos ou códigos sociais e que age apenas pelo instinto, rapta diversas mulheres e as submete a brutais torturas. Quem sobreviver estará apta a conceber seu filho. Ele descobre, porém, que entre suas vítimas fatais estava uma mulher grávida. Corroído pela culpa, Zé vai aos poucos enlouquecendo e se tornando cada vez mais violento e imprevisível.


Direção: José Mojica Marins

Elenco: José Mojica Marins
Tina Wohlers
Nadia Freitas
Jose Lobo





Download:

 Magnet (HDTV-rip, 4,21gb)

OU

COMPLETO NO YOUTUBE

 

Comentário:


Esta Noite Encarnarei No Teu Cadáver” é, sem a menor sombra de sarcasmo, a obra-prima de José Mojica Marins. A continuação de “À Meia-Noite Levarei Sua Alma” segue o esquema da continuação que é quase um remake de seu predecessor, só que maior em tudo - e é um dos exemplos raros exemplos onde isso efetivamente funciona. Se antes Zé do Caixão era um simples serial killer, agora ele age movido por firmes convicções ideológicas e filosóficas. Se antes agia sozinho, agora conta com um capanga corcunda e deformado no melhor estilo Igor do Dr. Frankenstein. E se antes seu inimigo era sua própria loucura, aqui ele enfrenta, além disso, oponentes de peso: grandes produtores agropecuaristas, conservadores, a Igreja e o maior inimigo de todos, esse fora das telas: a ditadura militar, que vetou o final original e exigiu de Mojica um desfecho cristão edificante (que apesar de tudo, é estranhamente adequado de uma forma involuntariamente sarcástica). (Mais) Um sinal da estupidez dos militares: o personagem de Zé do Caixão, em todo o seu ateísmo fanático e desprezo pela ordem vigente, antes de ser uma crítica subversiva, é o oposto. Zé é um psicopata justamente pela sua falta de Deus no coração - e o final enxertado foi devidamente corrigido no contemporâneo "Encarnação do Mal", para deleite dos aficcionados.

     Tende-se a comparar Mojica com outros cineastas de seu tempo, como Mario Bava na Itália ou Roger Corman nos EUA. Mas há algo que o distancia de todos eles: se Corman fazia filmes de horror em um país cuja indústria cinematográfica sempre viu no gênero seu pilar central de sustentação, e se Bava fazia experimentos visuais em uma Itália cuja produção fílmica está em estado permanente de ebulição, Mojica fazia do horror a sua aventura em um país que mal e porcamente se dedicava ao cinema de gênero como um todo, que dirá de terror (um exemplo do pioneirismo visual de Mojica que não deixa nada a dever para suas contrapartes do primeiro mundo está na sequência colorida em Zé do Caixão sonha ser arrastado ao inferno - feito de gelo, diga-se). Afora o aprumo visual, Esta Noite Encarnarei No Teu Cadáver” é um patrimônio nacional pela sua pura alegria em ser perverso. 

domingo, 11 de novembro de 2012

Até o Vento Tem Medo (Hasta el Viento Tiene Miedo) - 1968

Sinopse: Em um rigoroso colégio interno feminino, jovens são forçadas a passar as férias de verão nas dependências da escola como punição por terem entrado em uma torre abandonada proibida aos alunos. Com o passar dos dias, elas começam a suspeitar que o edifício é habitado pelo fantasma de uma aluna que cometeu suicídio ao passar por um castigo similar no passado.


Direção: Carlos Enrique Taboada


Elenco: Marga López
Maricruz Olivier
Alicia Bonet
Norma Lazareno.




Download:

Magnet (VHS-rip - é, fazer o que..., 700Mb)

Legenda PT-BR

 

Comentário: Não chegar sequer perto da obra-prima de Taboada, "Veneno Para As Fadas", mas é um excelente exemplo de como uma direção firme pode salvar um roteiro medíocre (aquela coisa de sempre de casarões assombrados por fantasmas vingativos). Econômico até o talo, Taboada ainda permite sequencias maravilhosas (o pesadelo da abertura e quando uma das jovens faz um dos strip-teases, mas aqui estou avaliando os fatores puramente técnicos) nessa pequena fábula moral sobre opressão. Influência direta para Del Toro, Cuarón e Iñárritu, "Até o Vento Tem Medo" também é muito veladamente sobre homossexualidade em um colégio interno para moças, então tem isso.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Homem Que Odiava as Mulheres (The Boston Strangler) - 1968

Sinopse: Serial killer aterroriza a cidade de Boston. O governo federal intervém no caso e coloca o detetive Frank McAfee (Henry Fonda) à frente das investigações. Mas Frank é um investigador da Receita Federal, não habituado a esse tipo de crime. A situação se complica porque o serial killer, o encanador John Bottoml (Tony Curtis), possue dupla personalidade e não sabe que é o assassino. Baseado em fatos reais.

Direção: Richard Fleischer

Elenco: Tony Curtis
Henry Fonda
George Kennedy




 
 
 
Download:

 
 
 
Comentário:

       O que chama a atenção logo de cara em “O Homem Que Odiava As Mulheres” é que trata-se de uma das últimas relíquias do sistema de estúdios americano, já em seus anos finais graças às mudanças de paradigma impostas pela Nova Hollywood. Anda assim - ou por isso mesmo - está plenamente ciente das transformações sociais de sua época ao trazer para a tela uma quantidade até então chocante de violência gráfica, e uma abordagem científica incomum da psicológica, sem tabus (a referência até então era evidentemente o "Psicose" de Hitchcock). Fleischer parecia estar a par também de tendências cinematográficas: o filme bebe claramente da fonte dos recém surgidos giallos italianos, e inova tecnicamente com um interessante uso da tela dividida - levada ao seu limite.

      Outra característica inovadora do filme é seu clima documental, seco, sóbrio, que em sua obsessão pela recriação dos mínimos detalhes, acaba resultando em um filme que muitos podem acusar de ser frio e desapaixonado - e não poderiam estar mais enganados. “O Homem Que Odiava As Mulheres” talvez seja o marco inicial do true crime americano e seu legado é sentido até hoje (David Fincher, por exemplo, deve tê-lo visto umas boas vezes nos seus anos de formação), não apenas pela abordagem moderna mas também por ir a um lugar onde pouquíssimos filmes ousaram ir: literalmente (e eu não estou usando a palavra “literalmente” à toa) dentro da mente de um serial killer.