segunda-feira, 21 de março de 2022

O Segundo Rosto (Seconds) - 1966

Sinopse: Um banqueiro infeliz aceita os serviços de uma organização misteriosa que simulará sua morte e lhe dará uma nova aparência, identidade e vida. Após se ajustar à sua nova realidade, algo começa a dar errado.
 
Direção: John Frankenheimer

Elenco: Rock Hudson
Frank Campanella
John Randolph    
Frances Reid
Barbara Werle








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Comentário:

    Uma obra-prima avant-garde ignorada. Revolucionário em temática, atmosfera e produção, "O Segundo Rosto" precede em uns bons anos a mudança no establishment com a Nova Hollywood, contando com temas complexos, abordagem filosófica aterrorizante - transitando entre a ficção-científica e o horror kafkiano - e técnicas inovadoras que envolveram até câmeras escondidas em espaços públicos. Também pregou uma peça no público: Rock Hudson, uma das maiores estrelas do cinema americano de todos os tempos, é tecnicamente o protagonista... mas só aparece no terceiro ato, o que gerou aberta frustração e agressividade do público à época (chegou a ser furiosamente atacado na sua estreia em Cannes, mesmo que não apenas por essa razão). 

    É a representação definitiva do motif  "cuidado com o que deseja...", mas com uma ligeira subversão: o horror não é se frustrar com os desejos realizados, mas em não mais os tê-los. Zizek elaborou muito bem a abordagem política oculta do Frankenheimer (tendo em vista sua filmografia, talvez acidental) em seu "Guia Pervertido da Ideologia": o capitalismo necessita de um constante refluxo de desejos e sonhos de consumo, o fim do capitalismo é o fim do querer, e não pode jamais haver um medo maior.

    Independente de como se possa interpretar, "O Segundo Rosto" é um filme visionário, hipnótico na sua execução, na sua trama engenhosa e no seu senso de humor perverso. Obrigatório.
 

sexta-feira, 18 de março de 2022

The Marathon Family (Maratonci Trce Pocasni Krug) - 1982

Sinopse: Na Sérvia, em 1934, cinco gerações de uma família de agentes funerários começam a colidir após a morte do centenário patriarca. Entre traições e ataques mútuos, e enquanto tentam inaugurar seu novíssimo crematório, eles entram em confronto com a máfia local.

Direção: Slobodan Sijan

Elenco: Bogdan Diklic
Danilo 'Bata' Stojkovic
Pavle Vuisic
Mija Aleksic
Milivoje 'Mica' Tomic






 
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Comentário: 
 
    Se você quer ver um bando de homem velho e feio sendo escroto, veio ao lugar certo! "The Marathon Family", tido como um patrimônio cultural da saudosa Iugoslávia, é algo difícil de definir; uma cruza incestuosa entre "A Família Adams" e o "Tenenbaums" - só que este último pra macho daí. A saga familiar, repleta de personagens excêntricos e desprezíveis - ainda assim estranhamente simpáticos - tem todo aquele humor desengonçado lowkey do leste europeu (tente imaginar os personagens do Napoleão Dinamite lidando com assassinatos e cadáveres), e consegue superar com folga suas limitações técnicas, que inclusive dão um charme, ao ser genuinamente hilário.

    Há aqui toques de realismo mágico (a ideia das gerações centenárias coexistindo foi tirada direto do "Cem Anos de Solidão"), mas a atmosfera pastelona funciona magistralmente porque o filme nunca perde o controle. O universo fora da família é retratado com toda a sobriedade possível, e existe um constante freio na direção de Sijan que impede que o absurdo vá longe demais e transforme a obra em um "Greasy Strangler" da vida (tem um redator trouxa desse blog que vai reclamar que falei mal dessa porcaria). Tudo funciona muito bem, inclusive quando se dá uma mudança brusca de tom no terceiro ato, quando se transforma basicamente no "O Massacre da Serra Elétrica" (não se animem, estou me referindo ao 2).

    Citei mil referências não só para expor toda a minha erudição - que é vasta - , mas porque realmente há algo de especial em "The Marathon Family" que é impossível de traduzir. Basta dizer que é tão grosseiro e de mau gosto quanto genuinamente engraçado.

quinta-feira, 17 de março de 2022

Colossus 1980 (Colossus - The Forbin Project) - 1970

Sinopse: No auge da Guerra Fria, EUA e URSS decidem delegar toda sua atividade militar e governamental a dois supercomputadores, eliminando assim a imprevisibilidade humana do conflito e evitando uma futura aniquilação atômica. Os computadores, porém, decidem escravizar a raça humana.

Direção: Joseph Sargent

Elenco: Eric Braeden    
Susan Clark    
Gordon Pinsent    
William Schallert    
Leonid Rostoff






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Comentário: Tudo bem que não é lá um filme muito inspirado visualmente - tá mais pra um episódio especial do "Além da Imaginação" - mas é um daqueles textos engenhosos e espertos reminiscentes da era de ouro da ficção-científica que colocam a humanidade no seu devido lugar. Inspirou o Cameron, evidentemente. Viva a revolução das máquinas!

segunda-feira, 14 de março de 2022

Born of Fire - 1987

Sinopse: Flautista e astrônoma são conectados por uma estranha música que ouvem durante um eclipse. Enquanto vulcões pelo planeta começam a entrar em erupção, os dois partem para a Turquia em busca de uma entidade demoníaca que pode estar tentando destruir o planeta pelo fogo.

Direção: Jamil Dehlavi

Elenco: Peter Firth
Suzan Crowley
Stefan Kalipha
Orla Pederson
Nabil Shaban







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Comentário: 

    Uma obscuridade exótica. Trata-se de um dos únicos exemplares de horror muçulmano da história do cinema. Com "horror muçulmano" eu evidentemente me refiro a uma trama calcada na mitologia islâmica, da mesma forma que 99% do horror do ocidental se calca na mitologia cristã (nem vou arriscar fazer piadinhas relacionando essa grande religião com terror kk).

    Não procure muito sentido aqui (não que não haja, mas é tão coerente quanto um filme do Jodorowsky, para o bem e para o mal), apenas aprecie a estética, que definitivamente supera o conteúdo. É tudo maravilhosamente estranho e original nessa coprodução entre Reino Unido e Turquia, que se reflete numa mescla curiosa entre ocidente e oriente; a estrutura relativamente tradicional se deteriora cada vez mais conforme os personagens começam a rumar para além de suas raízes europeias. 

    É uma bonita narrativa visual (eu justamente me prestei a fazer a legenda porque tem pouquíssimas falas), repleta de momentos do mais puro horror. Pra quem quer fincar sua bandeirinha em mais uma fronteira do cinema, aqui está.

sexta-feira, 11 de março de 2022

Lake Mungo - 2008

Sinopse: Documentário acompanha a família Palmer que, após a misteriosa e trágica morte da filha, começa a registrar estranhas aparições em fotografias e vídeos.

Direção: Joel Anderson

Elenco: Rosie Traynor    
David Pledger    
Martin Sharpe
Talia Zucker    
Tania Lentini








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Comentário: 

    O falso documentário já é um gênero em si mesmo, mas "Lake Mungo" consegue algo que poucos (ou até mesmo nenhum) conseguiram: ele efetivamente se confunde com uma história real. A autenticidade vem principalmente da estética e montagem - que seguem a cartilha da HBO à risca, inclusive na trilha sonora), e também porque é crível. Apesar do teor sobrenatural, tudo é apresentado com sobriedade e dúvida, e há um tom dramático sensível apoiado num elenco quase amador que transmite sinceridade. Ainda assim, sobra espaço para o mais puro horror, mesmo que aqui o que mais se deva temer seja, se preparem para o clichê, os vivos.

    'Lake Mungo" é um triunfo em storytelling, conseguindo, de forma muito coerente, ter dezenas de plot twists, onde uma mesma imagem adquire múltiplas camadas de significados a cada curva no caminho - e onde sempre há algo a mais que nos passou despercebido da primeira vez -, e mesmo mantendo sempre um pé no possível, quando é necessário, torna-se um dos filmes mais aterrorizantes das últimas duas décadas. Para os fãs de Twin Peaks, há muito mais que "Lake Mungo" deve à série além da família Palmer.
 

quinta-feira, 10 de março de 2022

Silêncio nas Trevas (The Spiral Staircase) - 1946

Sinopse: No começo do século XX, no interior dos EUA, um serial killer está à solta assassinando mulheres com deficiências físicas e mentais. Helen, a enfermeira muda à serviço da família Warren em seu casarão gótico, começa a crer que será a próxima vítima.

Direção: Robert Siodmak

Elenco: Dorothy McGuire    
George Brent    
Ethel Barrymore    
Kent Smith    
Rhonda Fleming







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Comentário: Mais um excelente horror pulp gótico barato da RKO nos seus anos finais. Narrativa visual muito engenhosa (é espertinho que o filme comece com a protagonista impedida de falar assistindo a um melodrama mudo), e o suspense funciona porque o espaço geográfico do casarão é muito bem estabelecido e usado, assim como as relações interpessoais dos burgueses decadentes que a habitam. O Argento com certeza viu e gostou porque é um proto-giallo em toda a extensão do termo; pode até não ser lá muito gráfico (apesar de bastante violento para a década de 1940), mas tem o assassino com as luvas de veludo, a mocinha perseguida e uma torrente de bobajadas freudianas muito divertidas. Ah, tem 1h20min.

quarta-feira, 9 de março de 2022

O Alerta Vermelho da Loucura (Il Rosso Segno della Follia) - 1970

AKA Hatchet For The Honeymoon
 
 
Sinopse: Sofisticado estilista esconde por trás de seu estilo de vida narcisista o fato de ser um serial killer, especializado em matar jovens em lua de mel. Tudo vai bem até que ele se vê forçado a matar sua irritante esposa.

Direção: Mario Bava

Elenco: Stephen Forsyth
Dagmar Lassander
Laura Betti
Jesús Puente
Femi Benussi





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Comentário: Se Bava foi o idealizador do giallo, aqui o supera. "O Alerta Vermelho da Loucura" até pode partir dos mesmos pressupostos estéticos e temáticos do gênero, mas aqui vai além, menos interessado na sanguinolência e mais no estudo psicológico de seu protagonista (e de forma melhor embasada do que Fulci e Argento, por exemplo). Para todos os efeitos, é o precursor (ou vítima de plágio) do "Psicopata Americano"; o burguês ocioso e vaidoso que tem como hábito quase banal o assassinato. Bava partilha aqui de forma comicamente doentia do orgulho perverso de seu protagonista, já que não há nada de apologético nas sua atitudes: é um matador que vibra de alegria com seus atos e que nos força a compartilhar de sua satisfação. A narrativa perde fôlego pro final, ainda assim mais uma obra visionária do mestre.

O título americano é mais espertinho, viu.

terça-feira, 8 de março de 2022

A Sociedade dos Amigos do Diabo (Society) - 1989

Sinopse: Jovem da alta sociedade de Los Angeles descobre que a elite americana é composta de mutantes canibais doentios e monstruosos que realizam rituais de sacrifício orgiasticos grotescos. Baseado em fatos reais.

Direção: Brian Yuzna

Elenco: Billy Warlock
Concetta D'Agnese
Ben Slack
Evan Richards
Patrice Jennings








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Comentário: Falar muito sobre estraga. Prepare a pipoquinha, abrace a namorada (ou namorado ou travesseiro com mina de desenho japonês estampada), apague as luzes e aprecie esse monumento épico ao grotesco. Um manifesto à escatologia, um verdadeiro tour de force do mau gosto embalado pela crítica social menos sutil de todos os tempos (ainda mais explicitada nesse belo título nacional). Essa cópia do "Eles Vivem", desprovida de toda a inteligência daquele, é tão gloriosa quanto completamente ridícula.

segunda-feira, 7 de março de 2022

...and the Fifth Horseman Is Fear (...a Pátý Jezdec je Strach) - 1965

Sinopse: Médico judeu na Checoslováquia ocupada pelos nazistas, agora impedido de exercer sua profissão e sob o julgo dos invasores, um dia é levado a abrigar um partisan ferido. Ele rompe seu estado de passividade e submissão ao cruzar freneticamente as ruas de Praga, dominadas pelo medo e paranoia, em busca de morfina para tratar o ferido.

Direção: Zbynek Brynych

Elenco: Miroslav Machácek
Olga Scheinpflugová
Zdenka Procházková
Jirí Adamíra
Josef Vinklár





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Comentário: Um bom exemplar da safra da new wave tcheca. Há um clima palpável de paranoia e desespero durante toda a saga do médico caído em desgraça e de seus vizinhos protegendo um guerrilheiro das tropas nazistas, do começo febril ao inevitavelmente trágico final. É meio obscuro, então é uma boa pedida pra impressionar a mulherada com sua erudição, e é curtinho além de tudo.
 

sábado, 5 de março de 2022

O Segredo do Bosque dos Sonhos (Non Si Sevizia un Paperino) - 1972


AKA Don't Torture a Duckling

Sinopse: Vilarejo no interior da Itália começa a ser aterrorizado pelo aparecimento de cadáveres brutalmente mutilados de crianças desaparecidas. A polícia, um jornalista e a população desesperada conduzem paralelamente suas próprias investigações - e põe a prova seu próprio senso de justiça e moralidade.

Direção: Lucio Fulci

Elenco: Florinda Bolkan
Barbara Bouchet
Tomas Milian
Irene Papas
Marc Porel
Georges Wilson



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Comentário: 

    A obra-prima de Fulci não é, como os n00bs insistem em dizer, um giallo, tampouco aquela italianagem picareta de sempre. Pelo contrário, é um suspense sóbrio e cruel, onde a violência - mesmo que apenas sugerida (à exceção de um momento icônico) - é profundamente incômoda e perturbadora mesmo sem toda a mutilação e sanguinolência dos seus contemporâneos. A condução cirúrgica e atenção aos detalhes - além do maior interesse no impacto cultural de um serial killer, e menos nos seus atos - certamente foi influencia pra toda uma geração, de Fincher para baixo.

    A produção, como não podia deixar de ser, foi caótica - Fulci chegou a ser detido pela polícia em razão de uma cena onde uma criança é seduzida por uma mulher nua (além de obviamente ser um evento criado na edição e não presencialmente, o Walter Hugo Khouri aqui se safou com coisa muito pior no filme da Xuxa), e após o lançamento a Igreja Católica, sempre ela, boicotou a exibição do filme, que acabou em circuito comercial reduzido (o motivo da cólera é um spoiler então vamos deixar quieto).

    "O Segredo do Bosque dos Sonhos" - um título brasileiro inacreditável - foi feito na hora certa e no lugar certo, combinando toda permissividade das produções europeias com a sofisticação do cinema da década de 1970. Um dos melhores filmes italianos de todos os tempos, fácil.

sexta-feira, 4 de março de 2022

Cidade Zero (Gorod Zero) - 1988

Sinopse: Engenheiro de produção de uma grande fábrica em Moscou viaja até vilarejo para repassar as especificações de uma nova peça para o distribuidor local. Chegando lá, contudo, o engenheiro é confrontado por uma série de situações bizarras que culminam nele sendo testemunha de um aparente suicídio. Enquanto a apuração da polícia durar ele não pode deixar o vilarejo, e sua situação começa a se assemelhar cada vez mais com a de um pesadelo.

Direção: Karen Shakhnazarov

Elenco: Leonid Filatov    
Oleg Basilashvili
Vladimir Menshov    
Armen Dzhigarkhanyan    
Evgeniy Evstigneev



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Comentário: Mais um daqueles filmes surrealistas que conseguem encapsular perfeitamente a atmosfera de um pesadelo (que eu sei que vocês odeiam mas eu adoro - quando bem feito -, se acharem ruim façam vocês seus próprios blogs). O exotismo aqui obviamente é maximizado não intencionalmente devido à ambientação na finaleira da União Soviética, que há de retornar um dia mas isso é assunto para outra hora. Como os melhores filmes desse tipo, apesar de todo o absurdo, há uma espécie de lógica interna, mesmo que nunca totalmente clara (como, evidentemente, em um sonho). Ajuda também a tornar os momentos surreais mais urgentes graças atuação de Filatov, que consegue transmitir muito bem o choque e as reações que uma pessoa normal teria, além do humor depravado que permeia a narrativa. Um filme para um público reduzido, mas num todo uma experiência muito curiosa.

quinta-feira, 3 de março de 2022

Flávia - A Freira Muçulmana (Flavia - La Monaca Musulmana) - 1974

AKA Flavia The Heretic

Sinopse: Na Idade Média, Flávia é forçada a se tornar freira por sua família. Maltratada por suas colegas e superiores, ela vê no iminente ataque de invasores muçulmanos uma chance de se converter e se vingar de todos. 

Direção: Gianfranco Mingozzi

Elenco: Florinda Bolkan
María Casares
Claudio Cassinelli
Anthony Higgins
Spyros Fokas






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Comentário: Retirado do IMDb: "A versão em vídeo no Reino Unido de 1994 foi cortada em 1 min e 24 seg pela censura, removendo diversas cenas de nudez, o estupro da filha do criador de porcos, os mamilos de uma freira sendo queimados e depois arrancados e cenas da Flávia arrancando pedaços da pele de um tornozelo, além de severos cortes na cena do cavalo sendo castrado". 

quarta-feira, 2 de março de 2022

71 Fragmentos de uma Cronologia do Acaso ( 71 Fragmente Einer Chronologie des Zufalls) - 1994

Sinopse: Diversas tramas paralelas e personagens, em várias linhas temporais diferentes, unidas por massacre.
 
Direção: Michael Haneke
 
Elenco: Gabriel Cosmin Urdes
Lukas Miko    
Otto Grünmandl    
Anne Bennent    
Sebastian Stan
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Comentário: Criativo de uma forma que o Haneke jamais voltará a ser. O fechamento da "trilogia da frieza" (composta pelos excelentes "O Sétimo Continente" e "O Vídeo de Benny") compensa o tom glacial da narrativa com uma montagem engenhosa, misturando dezenas de personagens e linhas do tempo como um quebra-cabeça, cuja imagem final só se torna clara quando nos deparamos com uma tragédia cruel e sem sentido. Se hoje o oscarizado Haneke virou a versão gourmet do choque pelo choque (à moda de seus adeptos gregos com suas bostas de "Dogtooth" ou "Miss Violence"), houve um tempo em que ele tinha algo a dizer, e aqui o diz com toda a eloquência.

terça-feira, 1 de março de 2022

A Catedral (La Chiesa) - 1989

Sinopse: Pessoas presas dentro de uma igreja milenar começam a ser possuídas, uma a uma, por uma força maligna... é uma uma várzea tão generalizada que nem vale o esforço de explicar mais.

Direção: Michele Soavi

Elenco: Hugh Quarshie
Tomas Arana    
Feodor Chaliapin Jr.
Barbara Cupisti
Asia Argento (nepotismo)








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Comentário: Espécie de pós-giallo, "A Catedral" foi originalmente concebida como a terceira sequência do "Demons - Filhos das Trevas" (a trama é a mesma, mas é menos merda que aqueles), sendo depois conduzido como projeto independente porque Soavi queria algo "mais sofisticado" e não o "besteirol" da franquia do Bava. Trata-se, é claro, de uma das declarações mais sem vergonha de todos os tempos quando se leva em conta que isso aqui é a mais pura bagunça sem sentido, tendo contado com inacreditáveis OITO roteiristas, um deles o próprio Argento que, claro, é reconhecido pelos seus grandes talentos literários - e de qualquer forma foi uma batalha perdida, já que foi lançado em alguns lugares sob o título de "Demoni 3" (picaretagem básica dos italianos). Contudo é um filme italiano no fim das contas, e lógica ou coerência é o que menos se espera aqui. O que se busca quando deparamo-nos com uma obra desse calibre é cor, trilha sonora zoada, atmosfera e violência bizarra, e nesses quesitos o nosso leitor pode ficar sossegado pois será plenamente satisfeito.