quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Calafrios (Shivers) - 1975

AKA: Orgy of the Blood Parasites
AKA: The Parasite Murders
AKA: They Came From Within
AKA: Frissons 

Sinopse: Moradores de um condomínio de luxo isolado são atacados por um verme que os transforma em zumbis sedentos por sexo e violência.


Direção: David Cronenberg

Elenco: Paul Hampton
Joe Silver
Lynn Lowry
Allan Kolman

 



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Magnet (Br-rip, 1,24Gb)

Legenda PT-BR


Comentário:

        Em seu primeiro longa, David Cronenberg, o santo padroeiro deste blog, já mostrava ao mundo todo o seu poder como realizador. Partindo de um sexploitation de quinta categoria, Cronenberg consegue elevar o conceito básico, primeiro não intencionalmente com seu tradicional horror biológico (na ocasião do lançamento o mundo estava prestes a entrar em uma nova era de pânico com o surgimento da AIDS, algo que ressoa aqui pelo agente causador da epidemia de zumbis ser [um verminho] sexualmente transmissível) e, segundo, ao contrapor os mortos-vivos capitalistas de Romero com seres alegremente tesudos.
          Cronenberg não pôde fugir do gore e da carnificina usual do gênero, mas ela aqui é reduzida ao seu mínimo e no lugar chama a atenção o retrato estranhamente positivo do contágio. Os moradores do condomínio de classe média alta (ambientação saída direto de um romance do J. G. Ballard), antes burgueses azedos e engessados, após a infecção, parecem passar por um processo de libertação; ao invés de sedentos de carne humana, tornam-se hiper libidinosos, alegremente sencientes e sedentos pelo próximo contato carnal. Não à toa, os último combatentes, os "heróis", são  justamente os personagens mais reacionários imagináveis. O clímax - literal - longe de retratar o mundo acabando com um estrondo, termina num gemido; após uma orgia digna de Roma em plena decadência, todos os personagens saem felizes e satisfeitos prontos para levarem a revolução sexual ao resto dos subúrbios frígidos.
         Se Romero usou a alegoria dos zumbis para apontar contradições inerentes das sociedades neoliberais, Cronenberg deu um passo à frente para abraçar (ou zombar) da revolução sexual que tomou o ocidente de assalto entre as décadas de 1960 e 1970. Num mundo onde as forças conservadoras novamente tomam os holofotes - e onde os zumbis estão mais banais do que nunca -, "Calafrios" é um bem-vindo antídoto.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Alucinações do Passado (Jacob's Ladder) - 1990

Sinopse: Veterano da Guerra do Vietnã passa a sofrer alucinações pertubadoras relacionadas a um combate em que foi gravemente ferido. Ele descobre que outros combatentes envolvidos no episódio estão tendo os mesmos sintomas. Eles então decidem descobrir a verdade sobre o que realmente aconteceu aquele dia.

Direção:
Adrian Lyne

Elenco:
Tim Robbins
Elizabeth Peña
Danny Aiello
Jason Alexander
Eriq La Salle


 




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Magnet (Br-rip, 1,77Gb)

Legendas PT-BR


Comentário:
É difícil falar sobre as qualidades de “Alucinações do Passado” sem entregar seu "final surpresa” manjado - ainda que nem o filme tente nos esconder a verdade. Independente dele, a espiral de paranoia em que o personagem de Tim Robbins (em atuação vigorosa, diga-se) se afunda é construída de forma cuidadosa e sufocante, com a atmosfera de um pesadelo. Se por um lado há um elemento espiritual explicito na trama, Lyne bebe também da fonte dos thrillers políticos setentista do auge da Era Nixon quando entra o elemento de filme-denúncia, focando em experimentos realizados pelo exército norte-americano durante a Guerra do Vietnã tanto em prisioneiros vietcongues quanto em seus próprios soldados. Não importa qual caminho o espectador queira seguir, o do drama existencial ou do filme de conspiração, “Alucinações do Passado” é um vencedor nos dois.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Viagens Alucinantes (Altered States) - 1980

Sinopse: Cientista sintetiza droga utilizada em rituais por tribos mexicanas. Para fins experimentais, ele consome a droga e se tranca em um tanque de imersão, que o deixa completamente isolado do mundo exterior. O objetivo é atingir os mais profundos níveis do inconsciente, para assim descobrir o "homem primordial", a origem da mente humana. O experimento, porém, foge do controle.

Direção: Ken Russell

Elenco: William Hurt
Bob Balaban
Blair Brown
Drew Barrymore





 
 
Comentário: Foram poucos os filmes em que Ken Russell não teve controle total sobre sua obra. “Viagens Alucinantes” é um deles e, por isso, talvez sua obra mais acessível. Russell notoriamente é conhecido por seus longas surtados e extremos, mas como aqui foi contratado às pressas (substituindo Arthur Penn, demitido já durante a produção) foi forçado a maneirar - o que funciona a favor do filme. Na onda dos experimentos com psicotrópicos em ambientes controlados de Timothy Leary e Aldous Huxley, e combinando elementos da psicologia jungiana, o roteiro é uma instigante reflexão sobre os limites do poder do inconsciente e da herança espiritual da humanidade... e como isso pode levar uma pessoa a virar um macacão assassino urrando pela noite.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A Sentinela dos Malditos (The Sentinel) - 1977

Sinopse: Em Nova York Alison Parker, uma modelo, namora Michael Lerman, um advogado. Apesar dele querer casar, ela decide que precisa ter no momento um espaço só seu e assim aluga um apartamento, onde no último andar mora um padre cego, que tem uma vida totalmente reclusa. No novo lar tem dificuldades para dormir, por causa de flashbacks da sua tentativa de suicídio. No entanto, o mais alarmante é o surgimento de alguns ?vizinhos? que, gradativamente, se descobre que são todos assassinos que já morreram.

Direção: Michael Winner

Elenco: Ava Gardner
Chris Sarandon
Cristina Raines

 
 
 
 
 
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Comentário: "Sentinela dos Malditos" é daqueles que nos faz repensar quais aspectos técnicos são realmente essenciais para um filme ser minimamente decente. O amadorismo tanto da edição quanto da fotografia são dignos de uma produção televisiva ruim; mas para um suspense o que basta é ter um roteiro envolvente e assim manter o interesse do espectador até o final, que é quando normalmente reserva o que tem de melhor. E nisso o filme sem dúvidas corresponde; mantém a história sob o controle o tempo todo, joga a música certa nos momentos certos, e termina com um clímax legal - e além de tudo dá um exemplo de bom senso e ensina uma boa forma de economizar dinheiro de produção ao utilizar pessoas deformadas reais, ao invés de maquiagem, para representar as criaturas do inferno; muita sensatez e bom gosto do sr. Winner, um verdadeiro vencedor.
    Outro detalhe que vale atenção é o elenco, só para citar alguns nomes, temos Eli Wallach, Jeff Goldblum, Christopher Walken, Ava Gardner, Martin Balsam, entre outros; e todos muito bem aproveitados (se juntar todas as falas deles, não deve dar nem uma página do roteiro; a participação mais relevante de Christopher Walken, por exemplo, é quando ele atende um telefone). Enquanto isso, um Chris Sarandon pra lá de canastra com  bigodinho sensual co-protagoniza com uma atuação vergonhosa, mas felizmente  a menina principal dentucinha é bem gatinha e manda bem. Enfim, em meio a alguns defeitos, o saldo geral é bem positivo, até por que filmes com tramas diabólicas dificilmente deram errado na década de 70.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O Inquilino (The Lodger - A Story of The London Fog) - 1927

AKA: O Pensionista

Sinopse: Em Londres, um serial killer conhecido como “O Vingador” passa a atacar mulheres jovens e loiras. Enquanto isso, Jonathan Drew se hospeda na pensão do casal Bounting. Jonathan costuma sair em noites de névoa e também guarda a foto de uma moça loira em seu quarto, o que leva os Bounting, e principalmente, o detetive Joe Chandler, noivo de Daisy, filha dos Bouting, a suspeitar de que ele possa ser o assassino.


Direção: Alfred Hitchcock


Elenco: Ivor Novello
Marie Ault
Arthur Chesney
Malcolm Keen



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Magnet (Br-rip, 1,40Gb)

Legenda PT-PT


Comentário:O Inquilino” é o primeiro thriller de Alfred Hitchcock, e também sua primeira obra-prima. A narrativa visual é o cinema mudo em seu auge; uma era em que os filmes, apesar de incompletos pela ausência do áudio, eram mais cinematográficos do que jamais voltariam a ser. Aqui Hitchcock também estabelece economia nas inserções textuais da mesma forma que depois reduziria as falas ao seu nível mais utilitarista no cinema sonoro. O pioneirismo imagético aqui se justifica pela complexidade do roteiro: diversas linhas temporais narrativas sobrepostas e um final anticlimático perfeito. Fracasso na ocasião de seu lançamento, hoje é celebrado como um dos pilares de fundação da gramática cinematográfica, numa época em que ser cineasta era, sobretudo, ser um artesão.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Os Meninos (¿Quién Puede Matar a un Niño?) - 1976

AKA: Quem Pode Matar uma Criança? 
AKA: Island of the Damned
AKA: Who Can Kill a Child?
AKA: Os Revoltados do Ano 2000 (Portugal, parabéns, Portugal)
AKA: The Killer's Playground

Sinopse: Um casal de turistas ingleses chega a uma ilha onde todas as crianças ficaram loucas e estão assassinando os adultos...

Direção: Narciso Ibáñez Serrador

Elenco: Marisa Porcel
María Luisa Arias
Miguel Narros
Antonio Iranzo



 
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Comentário: Os Meninos (!) tem como introdução um simples, porém conciso e estarrecedor documentário de dez minutos, mostrando crianças de diferentes épocas e lugares, sendo vítimas da crueldade humana, condenadas por uma culpa que não lhes pertence, tendo sua inocência roubada pelo "sistema dos adultos". Como culpá-las então, se decidissem usar da mesma crueldade para defender-se contra quem parece mais disposto a prejudicá-las do que a  defendê-las? 
    Mas, se na visão do diretor a violência banalizava-se a ponto de se tornar brincadeira de criança, o mesmo não se pode dizer de seu filme, que a evita o quanto pode, e mesmo que os planos não pareçam interessados em mostrá-la em muitos dos momentos, ela está lá, na angústia do silêncio, no sorriso malicioso das crianças e no tom incisivo de desconforto que permanece do primeiro ao último minuto do filme - na verdade desde o primeiro segundo, porque já começa com o cantarolar sinistro de uma criança.
    Felizmente ninguém lembra de Os Meninos (aff), num mundo onde existe Colheita Maldita, então esperemos que assim continue, porque um remake estragaria tudo e nunca faria jus a essa sutil e perturbadora obra de Narciso Ibáñez Serrador. Aliás, não sei em que ano exatamente Stephen King escreveu As Crianças do Milharal, mas se foi depois de ter assistido a Os Meninos (aiai), o sr. é um baita dum plagiador, sr. King, devia se envergonhar.