quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

The Appointment - 1982


Sinopse
: Cortando caminho por um bosque enquanto volta para casa, uma garota é abduzida por uma força malígna invisível. Três anos mais tarde, outra menina e sua família são afetadas pela mesma força – primeiro em sonhos que soam como premonições, depois de maneiras assustadoramente reais.


Direção: Lindsey C. Vickers

Elenco: Edward Woodward, Jane Merrow, Samantha Weysom







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Torrent + Legenda (exclusiva de novo)


Comentário: A cena inicial é surpreendente. Do tipo que inevitavelmente você já se pega perguntando o que teria levado esse filme a ser tão obscuro. O transcorrer, no entanto, justifica: sutil demais para ter o mínimo de apelo para fãs retardados do cinema de horror. E quando digo sutil demais, não estou sendo generoso, vai por mim, talvez esse seja o filme de terror mais sutil da história do cinema.
Trata-se de mais um daqueles atmosféricos, como um interminável sonho febril. Muitas vezes, e aqui está um ponto negativo bem considerável, as cenas de suspense duram até demais, alguns bons segundos excessivamente esticadas. E não dá nem para questionar "porra, cadê o editor pra cortar isso?", porque se percebe que a direção tem muita, muita personalidade, o que torna a dilatação dessas cenas perdoáveis.
Falando na direção, que pedrada. Tratando-se de um debute, é monumental. Porém, infeliz e inacreditavelmente, foi a única obra do diretor. Hoje em dia o filme é bastante desconhecido, até por ter sido perdido por décadas (aquela coisa de sempre), mas já é relativamente cultuado, às vezes até desproporcionalmente por cinéfilos bocós (aquela coisa de sempre).
E já antecipando, burros do jeito que vocês são, vou explicar a história em linhas gerais: a menina, filha do casal protagonista, é uma representação de uma espécie de "bruxa", que conjura seus poderes malignos a partir de eventos/pessoas que a incomodam. Ou seja: a menina da cena inicial, por ser sua rival e o seu pai, por faltar ao concerto, acabaram sendo vítimas. No caso, a essência do argumento é a seguinte: e se uma bruxa incorporasse em uma adolescente num contexto moderno e essa acabasse usufruindo dos seus poderes em situaões mesquinhas tipicamente vivenciadas por uma adolescente? Interessante né?

sábado, 13 de janeiro de 2024

Homebodies - 1974


Sinopse: Quando um grupo de tranquilos idosos tomam conhecimento que suas casas serão demolidas para dar lugar a blocos de apartamentos, eles decidem tomar uma atitude. O que começa como uma tentativa de desencorajar os empreiteiros, logo se torna algo bem mais violento...

Direção: Larry Yust

Elenco: Paula Truema, Peter Brocco, Frances Fuller, William Hansen, Ruth McDevittn





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Torrent + Legenda


Comentário: Algumas narrativas são atemporais, não adianta. Da mesma forma que "A Chave de Vidro" do Dashiel Hammett é um clássico da literatura noir e inspirou obras de qualidade em contextos totalmente diferentes, como Yojimbo, Por um Punhado de Dólares, O Último Matador (esse nem tão bom) e Ajuste Final, Homebodies não deixa de ser aquela suculenta clássica história de western do empoderamento do oprimido diante da ameaça de desapropriação em razão do avanço da ferrovia. A grande sacada desta vez é usar velhos, um elemento sempre interessante. Aliás, o fato de ser um grupo de velhos é muito coerente, pois facilita a justificativa de encorajamento — nós, brasileiros, entendemos bem o estrago que uma cambada de velhos fodidos unidos é capaz de fazer na frente de quartéis, por exemplo (no caso, estrago me refiro à imundice, no nosso caso).
Porééém, infelizmente, o deslize de Yust é muito insistente para se relevar, mas o fato é que os últimos 20 minutos do filme são totalmente desnecessários. Não justificam a obscuridade de Homebodies, é verdade, mas pesam. 
Aí você vai dizer que essa sinopse lembra do Aquarius — se é que alguém lembra de Aquarius hoje em dia. Mas se você lembrou, pense que é o Aquarius dirigido por alguém... mais esperto e espirituoso, ou menos brasileiro. Talvez espirituoso demais, pois Homebodies se perde aqui e ali no humor, mas o saldo proveitoso é muito maior. Filme diferentão e sagaz.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

The Exorcism - 1972

AKA

"Dead of Night: The Exorcism"

"The Exorcism by Don Taylor"

Sinopse:  casal burguês socialista convida casal de amigos burgueses socialistas para a Ceia de Natal na sua nova casa, uma cabana reformada no interior da Inglaterra. Uma série de eventos estranhos logo preocupa o grupo, que se força a aceitar que algo de sobrenatural se desencadeia na noite. Tem 50 minutinhos.

Direção: Don Taylor

Elenco: Anna Cropper, Sylvia Kay, Edward Petherbridge, Clive Swift



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>> Link direto + legenda

Observação: o release na verdade não é um release. Simplesmente peguei uma versão postada no youtube e baixei num daqueles sites gratuitos fuleiros. Então, se a imagem original já era cagada (nunca foi lançado fisicamente, pelo que li), piorou na compressão e tá arquivo direto porque tem míseros 95MB. E a legenda tá medonha, tem alguns trechos que tá em quatro linhas. MAS É EXCLUSIVA, DE NOVO, ENTÃO NÃO RECLAMA!

Comentário: Esse filme na verdade não é um filme. É um episódio de uma série de sete curtas de terror — o único a ter feito sucesso. E o exorcismo na verdade não é um exorcismo propriamente dito, ou popularmente estabelecido após o filme do Friedkin (que viria depois), tem lá uma possessão, mas é bem respeitosa e era isso. E quando eu disse que fez sucesso também era mentira. Ele se sobressaiu aos outros episódios — que eram obviamente medíocres — e hoje é relativamente cultuado, mas para por aí.
E o pior é que é bom mesmo. Dá inclusive uma tristeza ver um argumento bom, um texto tão bem escrito e interpretado se alongar por miseráveis 50 minutinhos.
Aprofundando mais essa sinopse aí... os casais têm um ar petulante inerente do burguês socialista  somado ao ar desagradável natural do sotaque e do biotipo (cara amassada) britânico, mas são simpáticos, até certo ponto. Ou talvez só lembrem aqueles amigos com discurso político afiado que todo mundo tem, mas que ninguém leva a sério (e não, não me refiro a você, leitor, você não é levado a sério porque tem quase 40 anos e ainda mora com a mãe).
Pelo menos o filme faz bom uso da ostentação intelectual que eles fazem questão de exibir: todo evento sobrenatural é sucedido de uma reflexão filosófica, social ou racional. Ou seja, não tem personagem abobado fazendo escândalo toda hora. Tudo é debatido de uma forma interessante e os próprios eventos são bem apresentados.
E pela produção visivelmente miserável, a atmosfera é muito sombria e elegante. Tem outro filme de casa assombrada postado no blog que esbanja sutileza e charme (aqui), mas nem se compara a esse, que consegue construir e reproduzir o medo apenas na reação e falas dos personagens, sem muito exibicionismo.
A conclusão pode ser duvidosa. Por ter um clima tão imponente, particularmente esperava uma explicação sobrenatural pragmática e esperta que fizesse jus ao todo. Mas acaba como um comentário político debochado. No final das contas, a casa é só a materialização do sonho de todo pobre em querer ver o burguês socialista tombado na própria hipocrisia.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Harry Chegou Para Ajudar (Harry, un ami qui vous veut du bien) - 2000


Sinopse: Num posto de beira de estrada, Michel (Laurent Lucas) é abordado por Harry (Sergi López), um homem de quem Michel não se lembra mas que afirma ser um velho colega de escola. Harry segue até onde Michel e sua família vão passar as férias e começa a se aproximar. Aí fica uma coisa estranha, se quiser saber assista.

Direção: Dominik Moll

Elenco: Laurent Lucas, Mathilde Seigner, Sergi López, Sophie Guillemin







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Comentário: A essa altura você já deve ter visto o 'Speak no Evil', filme de terror europeu de 2022 feito na medida pro leitor burro médio desse blog (se não viu, vá procurar em outro lugar, não é difícil achar). O "Harry..." tem uma premissa relativamente semelhante: dois casais se encontram aleatoriamente e se entrosam, permitem a aproximação íntima e a partir daí o negócio sai do controle gradativamente. O que muda é que enquanto o Speak no Evil enfatiza muito o constrangimento da coisa toda e o eventual choque, esse outro aí de nome esquisito vai só na maciota, na elegância. É o Speak no Evil se dirigido por um Hitchcock com um toque de viadagem francesa (calma, não precisa baixar tão rápido, foi só uma analogia). A cadência do ritmo é pura maestria de direção, nesse sentido lembra o Spoorloos (que você não deve ter assistido também porque não está na sua alçada intelectual).
Outro lance interessante é que na oposição total ao Speak no Evil, os personagens são racionais. O protagonista que não é o Harry é um cara que só parece abobado, mas é esperto e toma decisões lógicas. E metáfora sobre masculinidade é muito mais sofisticada.
E não tem nada de choque no final, seu ignorante. Na verdade é melhor você nem baixar. Vai embora daqui.