quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Sangue Para Drácula (Blood for Dracula) - 1974

Sinopse: O decadente e melancólico Conde Drácula, minguando pela ausência de sangue de virgens, parte em uma viagem para o interior da Itália em busca de uma jovem que possa suprir suas necessidades. 

Direção: Paul Morrissey

Elenco: Joe Dallesandro
Udo Kier
Vittorio De Sica
Maxime McKendry
Arno Jürging
Roman Polanski







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OU



Comentário: 

    Uma divertida subversão da mitologia vampiresca, só que pra macho (nada das frescurage do crepúsculo com vampiro purpurinado brilhando, aqui é rock'n'roll yeaahhh), "Sangue Para Drácula" tem uma ou duas coisas a dizer sobre seu tempo. Primeiro, partindo da ideia de que o fragilizado Drácula precisa de sangue de virgens para se alimentar, surge a primeira piada espertinha: após a revolução sexual, elas desapareceram. O Conde, um burguês decadente, pela sua imortalidade um anacronismo, totalmente alienado das intensas transformações do século XX, busca refúgio em uma idílica vila italiana onde talvez os últimos resquícios da tradição existam - mas, nesse novo mundo sem Deus, até lá os crucifixos são escassos. Sua presença suscita um antagonismo automático inusitado: um jovem  camponês militante do partido comunista empenhado em eliminar as elites sanguessugas. A luta contra o bem e o mal se torna, portando, na ausência do seu Van Helsing, uma luta de classes. E é o camponês petralha que salva o dia! (obs: ao estuprar a adolescente virgem, envenenando assim seu sangue e infectando o inadvertido Drácula - é a depravação física como salvação, e não a redenção pela castidade da carne).

    É um filme muito cativante por vários motivos; além dos detalhes reinterpretados, é fantástica a atuação do Udo Kier (que trás toda uma nova dimensão de ridículo e fragilidade do monstro) e também de seu assistente, que costuram o filme com uma químicaa divertidíssima. É violento, cheio de putaria, e certamente muito, muito melhor que o porre do Drácula moderno estabelecido pela Hammer. Também é o sucessor de outra curiosa parceria entre Warhol, Morrissey e Udo, "Carne Para Frankesnstein", que se por um lado não funciona tão bem num todo, é pelo menos mais grotesco.

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