sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Os Quatro do Apocalipse (I Quattro dell'Apocalisse) - 1975

Sinopse: Quatro marginais (um jogador, uma prostituta, um trapaceiro e um ex-escravo com poderes mediúnicos) sobreviventes de uma chacina vagam pelo Utah selvagem até encontrarem um sádico psicopata.

Direção: Lucio Fulci

Elenco: Fabio Testi
Lynne Frederick
Michael J. Pollard
Harry Baird
Tomas Milian







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Comentário: 
 
    Esqueça o velho oeste vibrante das trilhas do Morricone, das aventuras divertidas do Corbucci e do épico do Leone. Uma das únicas incursões do mestre Fulci no gênero é uma experiência profundamente desagradável e visceral. É uma jornada em linha reta ao inferno. Todos nossos protagonistas (imperfeitos, mas carismáticos) estão condenados desde o primeiro segundo, quando o narrador já anuncia que o Fabio Testi está chegando à Utah no mesmo dia em que a população está pronta para cometer um ato de barbárie: um genocídio aos moldes do século XX - e, depois, pelo encontro infeliz com uma figura diabólica explicitamente inspirada no Manson e seus asseclas (que, entre outras barbaridades, estupra a prostituta grávida diante do apaixonado Testi).

    Esse, é claro, é o elemento que desencadeia a trama de vingança tão cara aos spaghetti western... mas não só a busca pelo acerto de contas se materializa apenas no terceiro ato, como o confronto final, longe de qualquer conclusão satisfatória ou redentora, é profundamente deprimente, até mesmo triste - e justamente pela consumação da vingança. Tudo em "Os Quatro do Apocalipse" é indigesto (até o clima desértico é substituído por uma umidade doentia e um frio glacial, já que esse é um daqueles raros e bem-vindos faroestes na neve). Apesar de ser uma experiência dolorosa, há algo na direção de Fulci que faz com que a memória desse filme seja persistente. Lá se vão dez anos que o assisti pela primeira vez (outro redator desse blog, acreditem, me deu sua cópia do DVD brasileiro que depois eu perdi), e jamais parei de pensar nele. Seria fácil fazer algo gratuitamente chocante, grosseiro e talvez esquecível (e não haveria nada de errado nisso), mas Fulci optou por outra rota. É uma atmosfera tão melancólica e singela que, no fim, é impossível não se sentir... comovido.
 

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