quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

A Chuva do Diabo (The Devil's Rain) - 1975

Sinopse: Patriarca de uma família é sequestrado por Corbis, o emissário de Satã na Terra, que busca reaver um livro milenar onde estão registradas todas as almas de seus adoradores. Seus filhos vão, um a um, tentar resgata-lo em uma cidade abandonada no deserto convertida em sede do culto macabro.
 
Direção: Robert Fuest
 
Elenco: Ernest Borgnine
Eddie Albert    
Ida Lupino    
William Shatner    
Tom Skerritt    
John Travolta
 





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Comentário: 

    O maior legado de Charles Manson, tirando aqueles assassinatos lá, são as centenas de filmes sobre satanismo da década de 1970. "A Chuva do Diabo" segue um dos mais subestimados e curiosos dessa safra. Fuest usa todos os elementos pulp da sua obra-prima anterior, "O Abominável Dr. Phibes" (hoje mais conhecida por ter sido homenageada pela banda do cara da Prevent Sênior) - da maquiagem fuleira ao vilão carismático - e te joga direto dentro da trama e da mitologia, sem se preocupar em contextualizar nada. Funciona porque já começa frenético, e envolve, se não por outra coisa, pelo mistério de tudo. Trocar a Inglaterra gótica do "Dr. Phibes" pelo deserto americano também é importante porque é fácil imaginar os bundas moles da Hammer pegando o mesmo conceito (um dos melhorzinhos deles, "As Bodas de Satã", tem uma trama muito semelhante) mas fazendo aquela coisa insossa e engessada de sempre. Ao invés disso, Fuest eleva o material com a ambientação de um faroeste espiritual, com uma grandiosidade operística reminiscente do Leone. Mesmo esdrúxulo e capenga (as mascaras de cera e a transformação do Borgnine em bode são muito engraçadas), tudo é levado mortalmente a sério. É curiosa também a atenção aos detalhes da liturgia satânica, que são apresentadas de forma, se não descaradamente simpática, pelo menos ambígua - inclusive, o mesmo satanista que deu a consultoria pro Polanski no "Bebê de Rosemary" não só também deu assistência irrestrita aqui como também faz uma ponta.

    As desgraças no set não foram poucas (além de ter sido a estreia de John Travolta, foi também supostamente onde ele se converteu à cientologia), e o fiasco de público e crítica (o otário do Ebert colocou na sua lista de filmes mais odiados, junto a todos os slashers e filmes do Carpenter) acabou com a promissora carreira de Fuest. Dali para a frente ele faria apenas televisão (que aliena as pessoas) e nada digno de nota. Ou seja, todo mundo é burro pra caralho desde sempre. Sabe como hoje em dia tudo é estrelado por jovens com cara de criança se passando por heróis? Esse é um daqueles filmes da velha guarda, um bando de idosos feios em um embate entre o bem o mal, como tinha que ser.


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