terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Roar - 1981

Sinopse: Um naturalista que vive com grandes felinos na África Oriental espera a visita de sua família. Uma confusão o faz ir em busca de sua família, enquanto sua família vai por conta na casa dele. O desencontro coloca em risco sua mulher e filhos. Paralelamente, uns caçadores retardados querem matar os leões. E também tem um homem negro constantemente usado de cobaia pelo protagnista.


Direção: Noel Marshall


Elenco: Noel Marshall, Tippi Hedren, Melanie Griffith, John Marshall, Jerry Marshall 



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Comentário: Se algum envolvido nessa produção fosse acusado de algo, a condenação certamente seria por crime doloso. Se hoje todo mundo se rende pro Tom Cruise brincando de dublê e assumindo riscos, mas protegido por toda parafernália e EPIs possíveis, é porque ainda não se submeteu à experiência ressignificadora de assistir Roar. E se algum filme merece o título de maior produção americana da história do cinema, talvez esse seja Roar, por tudo que envolveu de estrutura (e careceu de segurança) e a façanha de todos os envolvidos terem sobrevivido ao final do processo.

Em resumo: no final da década de 60, Noel Marshall (que viria a se consagrar produzindo O Exorcista) e sua esposa, Tippi Hedren (protagonista d'Os Pássaros, do Hitchcock), visitaram a África e, seja por uma epifania ou só um devaneio alimentado a dois, tiveram a ideia de fazer um filme que retratasse os riscos (de forma crítica, diz a lenda) da criação de leões e outros felinos selvagens em ambientes controlados. Como toda ideia ruim pode piorar com o incentivo errado, o casal decidiu que alugar leões treinados não seria adequado, ético ou sei lá por qual motivo foi um impedimento. Então optaram por eles mesmos conviverem com os bichos até desenvolverem uma relação naturalmente harmônica. O que era para ser seis meses de convivência se tornou uma década, entre tudo que envolveu o desenvolvimento e a entrega do filme. Dizem que nesse tempo, o casal criou em torno de 150 felinos, entre leões, tigres, pumas e guepardos, e outros animais, como elefantes, flamingos, avestruzes e girafas (tudo ilegalmente).

O que tudo isso implicava? Que os atores obviamente teriam de interagir diretamente com os felinos durante a produção. Como até o retardo tem limite, menos pro casal, o Marshall e a Hedren preferiram pelo menos manter a produção ao máximo em família. Então chamaram os próprios filhos para compor a maior parte do elenco constante.

O resultado foi isso que você vê na chamada: 70 pessoas feridas durante a produção. E quando digo feridas, me refiro à Melanie Griffith (a própria, que deu azar de ser filha da Tippi) quase ficando cega e tendo que tomar 50 pontos na cara e o diretor de fotografia, Jan de Bont (que viria a dirigir Twister e Velocidade Máxima, anos depois, e A Casa Amaldiçoada) tomando uma caralhada de pontos (trivias por aí dizem de 120 a 200), resultando nesse escalpelamento que tá no pôster. Depois de ter colocado o escalpo no lugar, o Bont voltou pra filmar o resto. O próprio diretor, que é o protagonista, quase teve que amputar o braço. 

E você sabe que não é migué porque vendo o filme se percebe que todo mundo ali teve sua particular experiência de quase-morte. O Marshall tentando apaziguar briga de leões, ou sendo objeto de brincadeiras de uns 30 felinos e saindo todo lanhado são cenas estarrecedoras. Em outro momento, a Tippi Hedren monta num elefante e é arremessada. Fraturou uma perna e teve ferimentos na cabeça.

O tempo todo, a trilha amena tenta disfarçar, mas não adianta, é como se fosse o Compramos um Zoológico dirigido pelo GG Allin ("É como assistir a um live-action de O Rei Leão com Mufasa segurando uma navalha contra a sua garganta", disse um crítico). Mas não é terror não. Por mais que seja totalmente perturbador, o tom é até espirituoso em alguns momentos. Tem até algumas cenas bem sensíveis, tipo um filhote de leão aprendendo a andar de skate. E no geral é realmente apaixonante ver todos aqueles bichos ali. No mais, pode esquecer de alguma história minimamente fundamentada. Atuações do elenco de apoio então, minha nossa senhora, é ainda mais chocante do que ver os leões prestes a cometer atrocidades. Mas compreensível, somente pessoas com atividade cerebral reduzida aceitariam fazer parte do elenco. 

Um filme realmente único. Pode esquecer que verá algo tão admirável e, na mesma medida, condenatório como isso algum dia.


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