segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

The Boxer's Omen (Mo) - 1983

 

Sinopse: Depois de ser derrotado nos ringues, o boxeador decadente Zhen Wei junta-se a seu irmão à procura de um monge tibetano que pode ter a resposta para livrar a família de uma maldição milenar... ou algo assim, não só não faz muito sentido como não tem a menor importância porque o que se segue é a mais pura demência.


Direção: Chih-Hung Kuei

Elenco: Phillip Ko    
Shao-Yen Lin            
Kar-Man Wai    
Lung-Wei Wang

 

 
 
 
 
Download:
 
 


Comentário:  
 
    Hong Kong, por suas características geográficas e políticas (uma ilha administrada pelos ingleses até os anos 2000) gozou de relativa liberdade cultural em relação à China continental. Na década de 1970, em uma espécie de autorregulamentação, o governo local criou uma escala de classificação etária para sua frutífera produção cinematográfica (já lendária pelos filmes de artes marciais). O limite da escala de classificação era a infame category III, o X-Rated deles, que por englobar praticamente tudo (da violência à pornografia explícita) permitia que produtores pudessem combinar, por vezes, ambos no mesmo filme - e tudo mais que a imaginação pútrida pudesse conceber (questões orçamentais eram o de menos). Com uma forte produção de horror financiada por estúdios como Shaw Brothers e Golden Harvest, os category III logo se tornaram sinônimo para os exploitations vindos da potência em formação.
    
       A exemplo das produções bollywoodianas, onde o que vale é acima de tudo o senso de espetáculo, esses filmes normalmente são uma salada de frutas de gêneros e tons. Horror grotesco, musical, aventura épica, erotismo e um senso de humor dos mais duvidosos (nós aqui do blog não temos frescura com essa palhaçada do politicamente correto mas mesmo assim a misoginia nas piadas é tão intensa que causa certo desconforto até em machos como nós) se intercalam de uma cena a outra. "The Boxer's Omen" é talvez um dos melhores exemplos dessa safra porque é, por um lado, minimamente acessível e compreensível em termos de estrutura (apesar do choque cultural nítido na temática do folclore chinês, é como se um alienígena tentasse reproduzir a jornada do herói ocidental pela primeira vez) e por outro, eleva todas essas contradições à décima potência. Quando o filme praticamente desiste de tentar fazer sentido, o que sobra é um dos festivais mais inacreditáveis de bizarrice, escatologia, "efeitos especiais" grotescos e uma nojeira desenfreada. É uma das maiores fanfarras do mau gosto que o cinema foi capaz de nos presentear - e ao mesmo tempo transparece tanta sinceridade e alegria em fazer cinema que é impossível não lembrar desse filme por anos e anos com um sorrisão no rosto.

Um comentário:

  1. Seu blog é excelente e só tem pérolas!! Parabéns pela iniciativa!!! Favoritei seu blog junto ao meu e sigo por lá suas postagens!!

    ResponderExcluir

comente naquela caixinha do lado, é mais legal.