Comentário: Esse é pra quem quer filme sobre a ditadura mas sem as viadagens tipo "Ainda Estou Aqui", onde o José titular paga pra comer catadora de lixo, lê poesia enquanto participa de orgias bissexuais e declama Drummond no pau de arara, coisa de macho. Ironias típicas do cinismo deste blog à parte, "E Agora, José?" é a transubstanciação da pornochanchada em cinema político fisiológico; é a representação definitiva das consequências corpóreas do totalitarismo no cinema brasileiro - é bem superior, por exemplo, ao "Pra Frente Brasil", tido normalmente como a referência da área -, algo melhorado também por ter um protagonista carismático (apesar de ser petista) e, algo que muito falta ao nossos filmes, senso de humor. Se as cenas de violações sexuais e tortura foram feitas tendo um ideal de manifesto em mente, ou só para tirar uns trocos do público bagaço do cinemas pornô da Boca do Lixo, fica à interpretação do leitor (mas com certeza é a segunda opção).
quarta-feira, 21 de maio de 2025
E Agora, José? (A Tortura do Sexo) - 1979
segunda-feira, 22 de julho de 2024
Internato derradeiro (La residencia) - 1969
Sinopse: A senhora Fourneur (Lilli Palmer) é diretora de um colégio interno para senhoritas na França do século 19. Seus métodos rigorosos não são apreciados pelas estudantes. O clima sufocante da instituição fortalece nas internas a crença de que as três alunas que desapareceram sem deixar vestígios conseguiram, por sorte, fugir do internato. O que elas não sabem é que algo horrível está acontecendo enquanto tudo segue dentro da conservadora rotina da "residência".
Direção: Narciso Ibáñez Serrador
Elenco: Lilli Palmer, Cristina Galbó Teresa, John Moulder-Brown, Maribel Martín Isabelle
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La residencia é uma pérola gótica do diretor do ¿Quién puede matar a un niño?. É uma espécie de proto-giallo sóbrio do Mario Bava, evocando momentos de tensão sexual e requintes de fascismo (calma, calma, não se empolgue, é de uma perspectiva narrativa, dos personagens). Embora o drama prevaleça quase até toda a primeira metade, a tensão nunca cessa e tecnicamente o negócio é conduzido com maestria.
A restauração desse filme certamente o elevou a um patamar estético justo ao que sua atmosfera requer. Enfim, pouco a se dizer, mas assistindo o início quem saca já vai entender que tipo de filme é. E se dessa perspectiva ele parece manjado, não se preocupe, o clima e o charme da coisa toda são alto nível.
terça-feira, 21 de maio de 2024
Nenhum Passo em Falso (52 Pick-up) - 1986
quinta-feira, 18 de abril de 2024
O Elevador Assassino (De Lift) - 1983
quarta-feira, 17 de abril de 2024
As Taras da Sétima Monja (La Settima Donna) - 1978
AKA THE LAST HOUSE ON THE BEACH
segunda-feira, 15 de abril de 2024
O Último Mundo dos Canibais (Ultimo Mondo Cannibale) - 1977
sexta-feira, 1 de março de 2024
Em Rota de Colisão (Stuck) - 2007
quarta-feira, 24 de janeiro de 2024
The Appointment - 1982
Direção: Lindsey C. Vickers
Elenco: Edward Woodward, Jane Merrow, Samantha Weysom
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Comentário: A cena inicial é surpreendente. Do tipo que inevitavelmente você já se pega perguntando o que teria levado esse filme a ser tão obscuro. O transcorrer, no entanto, justifica: sutil demais para ter o mínimo de apelo para fãs retardados do cinema de horror. E quando digo sutil demais, não estou sendo generoso, vai por mim, talvez esse seja o filme de terror mais sutil da história do cinema.
Trata-se de mais um daqueles atmosféricos, como um interminável sonho febril. Muitas vezes, e aqui está um ponto negativo bem considerável, as cenas de suspense duram até demais, alguns bons segundos excessivamente esticadas. E não dá nem para questionar "porra, cadê o editor pra cortar isso?", porque se percebe que a direção tem muita, muita personalidade, o que torna a dilatação dessas cenas perdoáveis.
Falando na direção, que pedrada. Tratando-se de um debute, é monumental. Porém, infeliz e inacreditavelmente, foi a única obra do diretor. Hoje em dia o filme é bastante desconhecido, até por ter sido perdido por décadas (aquela coisa de sempre), mas já é relativamente cultuado, às vezes até desproporcionalmente por cinéfilos bocós (aquela coisa de sempre).
E já antecipando, burros do jeito que vocês são, vou explicar a história em linhas gerais: a menina, filha do casal protagonista, é uma representação de uma espécie de "bruxa", que conjura seus poderes malignos a partir de eventos/pessoas que a incomodam. Ou seja: a menina da cena inicial, por ser sua rival e o seu pai, por faltar ao concerto, acabaram sendo vítimas. No caso, a essência do argumento é a seguinte: e se uma bruxa incorporasse em uma adolescente num contexto moderno e essa acabasse usufruindo dos seus poderes em situaões mesquinhas tipicamente vivenciadas por uma adolescente? Interessante né?
sábado, 13 de janeiro de 2024
Homebodies - 1974
Sinopse: Quando um grupo de tranquilos idosos tomam conhecimento que suas casas serão demolidas para dar lugar a blocos de apartamentos, eles decidem tomar uma atitude. O que começa como uma tentativa de desencorajar os empreiteiros, logo se torna algo bem mais violento...
Direção: Larry Yust
Elenco: Paula Truema, Peter Brocco, Frances Fuller, William Hansen, Ruth McDevittn
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Comentário: Algumas narrativas são atemporais, não adianta. Da mesma forma que "A Chave de Vidro" do Dashiel Hammett é um clássico da literatura noir e inspirou obras de qualidade em contextos totalmente diferentes, como Yojimbo, Por um Punhado de Dólares, O Último Matador (esse nem tão bom) e Ajuste Final, Homebodies não deixa de ser aquela suculenta clássica história de western do empoderamento do oprimido diante da ameaça de desapropriação em razão do avanço da ferrovia. A grande sacada desta vez é usar velhos, um elemento sempre interessante. Aliás, o fato de ser um grupo de velhos é muito coerente, pois facilita a justificativa de encorajamento — nós, brasileiros, entendemos bem o estrago que uma cambada de velhos fodidos unidos é capaz de fazer na frente de quartéis, por exemplo (no caso, estrago me refiro à imundice, no nosso caso).
sexta-feira, 12 de janeiro de 2024
The Exorcism - 1972
AKA
"Dead of Night: The Exorcism"
"The Exorcism by Don Taylor"
Sinopse: casal burguês socialista convida casal de amigos burgueses socialistas para a Ceia de Natal na sua nova casa, uma cabana reformada no interior da Inglaterra. Uma série de eventos estranhos logo preocupa o grupo, que se força a aceitar que algo de sobrenatural se desencadeia na noite. Tem 50 minutinhos.
Direção: Don Taylor
Elenco: Anna Cropper, Sylvia Kay, Edward Petherbridge, Clive Swift
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Observação: o release na verdade não é um release. Simplesmente peguei uma versão postada no youtube e baixei num daqueles sites gratuitos fuleiros. Então, se a imagem original já era cagada (nunca foi lançado fisicamente, pelo que li), piorou na compressão e tá arquivo direto porque tem míseros 95MB. E a legenda tá medonha, tem alguns trechos que tá em quatro linhas. MAS É EXCLUSIVA, DE NOVO, ENTÃO NÃO RECLAMA!
Comentário: Esse filme na verdade não é um filme. É um episódio de uma série de sete curtas de terror — o único a ter feito sucesso. E o exorcismo na verdade não é um exorcismo propriamente dito, ou popularmente estabelecido após o filme do Friedkin (que viria depois), tem lá uma possessão, mas é bem respeitosa e era isso. E quando eu disse que fez sucesso também era mentira. Ele se sobressaiu aos outros episódios — que eram obviamente medíocres — e hoje é relativamente cultuado, mas para por aí.
E o pior é que é bom mesmo. Dá inclusive uma tristeza ver um argumento bom, um texto tão bem escrito e interpretado se alongar por miseráveis 50 minutinhos.
Aprofundando mais essa sinopse aí... os casais têm um ar petulante inerente do burguês socialista somado ao ar desagradável natural do sotaque e do biotipo (cara amassada) britânico, mas são simpáticos, até certo ponto. Ou talvez só lembrem aqueles amigos com discurso político afiado que todo mundo tem, mas que ninguém leva a sério (e não, não me refiro a você, leitor, você não é levado a sério porque tem quase 40 anos e ainda mora com a mãe).
Pelo menos o filme faz bom uso da ostentação intelectual que eles fazem questão de exibir: todo evento sobrenatural é sucedido de uma reflexão filosófica, social ou racional. Ou seja, não tem personagem abobado fazendo escândalo toda hora. Tudo é debatido de uma forma interessante e os próprios eventos são bem apresentados.
E pela produção visivelmente miserável, a atmosfera é muito sombria e elegante. Tem outro filme de casa assombrada postado no blog que esbanja sutileza e charme (aqui), mas nem se compara a esse, que consegue construir e reproduzir o medo apenas na reação e falas dos personagens, sem muito exibicionismo.
A conclusão pode ser duvidosa. Por ter um clima tão imponente, particularmente esperava uma explicação sobrenatural pragmática e esperta que fizesse jus ao todo. Mas acaba como um comentário político debochado. No final das contas, a casa é só a materialização do sonho de todo pobre em querer ver o burguês socialista tombado na própria hipocrisia.
quarta-feira, 3 de janeiro de 2024
Harry Chegou Para Ajudar (Harry, un ami qui vous veut du bien) - 2000
Sinopse: Num posto de beira de estrada, Michel (Laurent Lucas) é abordado por Harry (Sergi López), um homem de quem Michel não se lembra mas que afirma ser um velho colega de escola. Harry segue até onde Michel e sua família vão passar as férias e começa a se aproximar. Aí fica uma coisa estranha, se quiser saber assista.
Direção: Dominik Moll
Elenco: Laurent Lucas, Mathilde Seigner, Sergi López, Sophie Guillemin
domingo, 3 de dezembro de 2023
A Maldição do Necrotério (The Boneyard) - 1991
Sinopse: Detetive convence uma sensitiva renovada a ajudá-lo a resolver uma série de crimes. Quando os dois vão a um necrotério examinar os corpos de algumas vítimas, ficam presos, junto com os funcionários, nos seus porões e são atacados por três crianças orientais vítimas de uma maldição (ou mais uma maldição, além de serem orientais) que as transformam em terríveis seres (piores do que orientais!).
Direção: James Cummins
Elenco: Deborah Rose, Denise Young, Ed Nelson, James Eustermann
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>> 720p: Magnetic Link
Mas quem é macho mesmo assiste essa versão podre com estética de VHS: https://www.youtube.com/watch?v=napUy3lHacw
Comentário: Por alguns detalhes The Boneyard não logra de maior reconhecimento. Um deles é o anacronismo: foi lançado tarde demais para conseguir sustentar seu clímax em animatônicos e cedo demais para se destacar com sua combinação de gore e humor. Também sofre de alguns problemas de condução, seu ritmo é irregular e as cenas movimentadas passam rápido demais.
Mas tudo de bom que poderia se pedir em pleno auge do VHS está ali: bastante sombra e textura carregada; elementos narrativos típicos, como protagonista detetive cansado e sidekick com poder paranormal (embora espertamente sutil, nesse caso) e atribuição de maldições a imigrantes.
Mas o maior destaque certamente são os efeitos e a maquiagem — as crianças mendiguinhas canibais ficaram ótimas.
Ah, e se você conhece esse filme provavelmente é por dois motivos: ou viu no SBT ou já viu essa famigerada capa abaixo. E apesar desse pôster suscitar uma tranqueira da década de 70 que ninguém teria paciência de ver, a aparição da criatura é digna! O poodle gigante zumbi é bem feito e a sequência é divertida. Diria, inclusive, que é o melhor uso de um poodle gigante da história do cinema (chupa Ang Lee, seu bosta).