terça-feira, 4 de janeiro de 2022

O Colecionador de Almas (Dust Devil) - 1992

 

Sinopse: No deserto da Namíbia, mulher fugindo de seu ex-marido dá carona a um enigmático passageiro - um serial killer ligado a rituais de sacrifício a uma entidade maligna que os locais chamam de "demônio de poeira", um ser que assume a forma humana e precisa coletar almas para transcender novamente ao mundo dos espíritos. Na cola deles, um policial cético em negação de suas origens tribais.


Direção: Richard Stanley


Elenco: Robert John Burke
Chelsea Field     
Zakes Mokae
John Matshikiza     
Rufus Swart

 

 

Download:

Magnet (Br-rip, 1,76Gb)

Legenda PT-BR


Comentário: 

     Poucos filmes conseguiram invocar um universo particular de forma tão intensa e convincente quanto "Dust Devil", a obra-prima esquecida de Richard Stanley que definitivamente precisa ser descoberta. As raízes da sua obscuridade começam na pós-produção: o corte original de 2h do jovem diretor (que até então tinha feito apenas o independente "Hardware"), odiado pelos distribuidores ingleses, foi mutilado à revelia para uma versão incompreensível de 95min e lançado com o título de "Demonica". Massacrado pela crítica no seu breve circuito europeu, o filme então foi para os EUA onde a Miramax, coprodutora, o esquartejou novamente para incríveis 85min, no provavelmente maior crime que um Weinstein já cometeu - e que inclusive deu um calote no coitado do Stanley, que passaria os próximos anos juntando dinheiro desesperadamente para financiar o corte final do seu próprio bolso.

    A história prova que o esforço valeu a pena, pois da versão que nos chega hoje resta apenas a glória. Ambientado no saturado deserto namibiano - que poderia facilmente se confundir com o outback dos ozploitations - a obra altamente atmosférica assumidamente invoca tanto a grandiosidade dos faroestes de Leone quanto das obras surrealistas de Jodorowski. Nesse mundo de mandalas jungianas - onde nos são dadas apenas migalhas de uma mitologia complexa e profunda - os poucos personagens são reduzidos aos seu nível mais elementar arquetípico (o demônio, a vítima, o policial) que dançam em uma trama relativamente simples, contraposta pela grandiosidade do escopo espiritual e operático de Stanley.

    Algo posso conceder aos críticos: o terceiro ato se torna ligeiramente arrastado e ganharia com uns minutinhos a menos. Fora isso, um tour de force, um magnus opus, particularmente um dos meus favoritos e se você não gostou o problema deve estar no fato de você ser burro.

Um comentário:

  1. Lamentável esse comentário dizendo que é o maior crime que o Weinstein cometeu, sendo que todos sabem que na verdade ele fez algo muito pior: co-produziu o Halloween Ressurrections.

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