domingo, 5 de novembro de 2023

Mortos Que Matam (The Last Man on Earth) - 1964

Sinopse: É o "Eu sou a Lenda" só que com o Vincent Price (ou seja, melhor, porque o Smith sempre foi muito ruim).

Direção: Ubaldo Ragona

Elenco: Vincent Price
Franca Bettoia
Emma Danieli
Giacomo Rossi Stuart










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Comentário: A primeira adaptação do livro lá do Matheson, mesmo sendo uma italianagem picareta das grossas, é ainda sua melhor versão. A história parte do mesmo princípio: o Price, cientista, único imune a uma epidemia que transformou todo mundo em zumbi/vampiro/hippies albinos zoados (como na versão do Charlston Herston), durante o dia caça os infectados e procura uma cura, daí aparece a mulher do nada e etc etc. Como todo filme B italiano que se preze, o orçamento é zero e o Price é o único membro americano no elenco, enquanto o resto da produção inteira tenta desesperadamente convencer o espectador (e distribuidor) que trata-se de algo realizado em Hollywood. Como muito se fazia na Itália do pós-guerra, é adicionado aqui um componente político nem um pouco sutil: Price é o "último homem" num sentido de ser o último homem que goza de liberdade; a sociedade subterrânea que se formou entre os infectados, antes dos zumbis velocistas do Smith, tornou-se uma utopia fascista, na incansável busca pela eliminação do indivíduo. 
    "Mortos Que Matam" é um daqueles filmes pequenos que nos lembram do prazer de se assistir a um bom filme de fundo de quintal, que com seu arsenal de truques para driblar as limitações técnicas inspiram e reafirmam o cinema enquanto mágica. Não é preciso um orçamento bilionário para nos convencer de uma sociedade esvaziada, basta pagar uns trocados pro Price fazer monólogos em supermercados abandonados e ruas de manhã cedo que dá na mesma (até fica o alerta, porque o prazer da fruição ao ver esse filme será proporcional ao quanto o carisma do Price ressoa no espectador, já que ele representa 99% do que se vê em cena - mas o fã, como quem vos fala, é recompensado pelo glorioso final onde um Price com arpão atravessado na barriga grita com seus algozes, "EU SOU UM HOMEM"). Era um dos favoritos entre a filmografia do próprio Price e, se nada mais, serviu de inspiração direta pro "Noite dos Mortos Vivos", de acordo com o Romero em pessoa.

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