segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Joe - Das Drogas à Morte (Joe) - 1970

 
Sinopse: Ao procurar sua filha, fugida de casa, o bem sucedido empresário Bill Compton confronta e acidentalmente mata o namorado da moça (um hippie sujo passa fome). O único a saber o autor do crime é Joe, um operário reaça baixa renda que se vale da informação para se aproximar de Bill.  Apesar de Bill acreditar que Joe irá chantageá-lo, Joe é na verdade movido por uma sincera admiração, e logo a amizade entre os dois ganha contornos perigosos.

Direção: John G. Avildsen

Elenco: Susan Sarandon
Dennis Patrick
Audrey Caire
Peter Boyle
K Callan 



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Comentario: "Táxi Driver" misturado com "O Pentelho". Essa espécie de comédia com tons de exploitation setentista assinada por Avildsen (do "Rocky" e também de muitas bostas) é um daqueles filmes que chocam porque todas as falas do personagem de Peter Boyle, um chão de fábrica fudido conservador e transbordando de raiva, o reflexo distorcido do working class hero, parecem extraídas diretamente do zap do seu tio. Mas não é dele que o filme ri; o foco da trama de "Joe" tem muito mais a ver com o personagem de Dennis Patrick: típico eleitor do PSDB, se vê como civilizado mas que vota no Bolsonaro sem pensar duas vezes porque "o PT não dá", que depois de um ato de violência é forçado a conviver com por entre as entranhas do populacho. O que a princípio faz única e exclusivamente para tentar suavizar a possibilidade de uma futura chantagem, logo se transforma em um autêntico laço fraterno que junta o pior em dois homens, e o patético de Bill ganha contornos mais claros quando se percebe que tudo parte da carência; em casa, ele perdeu todos os laços com sua família - em especial com sua filha, o debut de Susan Sarandon - mas é entre os pobretões que seus atos ganham respaldo e tornam-se fonte de orgulho.
    "Joe" é sobre a improvável amizade entre um membro da elite e um comedor de pão com leite condensado, e sobre como a relação entre ambos - e a subsequente crescente espiral de paranoia retroalimentada por ambos - os levará à consequências sangrentas (o clímax todo ao estilo Schrader se torna ainda mais engraçado por ser completamente grotesco e gratuito). É um filme constrangedor e divertido na medida certa, e até pode fazer pensar. Rolou na época a ideia de uma sequência onde o Joe, liberto de seu tempo de prisão (spoilers?) encara a vida com um olhar mais à esquerda, e é bom que não tenha sido feito apesar de promissor.

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