terça-feira, 10 de maio de 2022

Divina Obsessão (Il Miele del Diavolo) - 1986

AKA The Devil's Honey
AKA Dangerous Obsession

Sinopse: Após acidente, músico morre por negligência médica. Sua namorada grávida, inconformada, sequestra o cirurgião com o objetivo de tortura-lo até a morte. Ela só não esperava que ele tivesse tendências sadomasoquistas.

Direção: Lucio Fulci

Elenco: Brett Halsey
Corinne Cléry
Blanca Marsillach
Stefano Madia
Paula Molina




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Comentário: 

    Um autêntico Cine Privé, vindo da fase decadente do mestre Fulci, "Devi's Honey" é uma das italianagens mais asquerosas de todos os tempos - ou ao menos aparenta ser. De largada, uma cena icônica onde a protagonista chega ao clímax com as vibrações e baforadas vindas de um saxofone encaixado diretamente em suas, hm, partes (o saxofone inclusive é uma marca da narrativa e da trilha sonora, o que ressalta o ar de pornozão sórdido). Infelizmente depois desse começo espetacular o filme dá uma desacelerada e vira aquela putaria básica de sempre... mas apertem os cintos, porque a narrativa cresce (claro que não como o Bráulio dos nossos leitores homens, já que depois de todos esses anos vendo desenho japonês com o notebook emitindo radiação no colo e dieta à base de hot pocket já se tornaram inutilizáveis seus órgãos reprodutores).

    É a trama de vingança que se espera, em termos de estrutura; o médico negligente que pode ser ou não responsável por uma morte, e a viúva inconsolável que canaliza o luto em violência. Sob a superfície, há todo um subtexto sobre relações de poder: é a viúva que revê o quanto foi abusada e submissa em seu relacionamento, agora tendo prazer em torturar e o poderoso médico sexualmente frustrado que finalmente encontra prazer no papel de vítima -  isso sem contar na culpabilidade ambígua do médico.

    A questão é que por ter sido concebido e vendido para o mercado de soft porn, a profundidade narrativa é reduzida ao seu mínimo em detrimento do erotismo. Pelo mesmo motivo, sua duração é diminuta (1h20 apenas, por isso mesmo que fiz a legenda). Assim, "Devil's Honey" viola a regra do "quanto mais curto melhor" e talvez tenha perdido aí a chance de ser celebrado por sua originalidade (a cena final, inclusive, é surpreendentemente poética e inteligente, merecendo até estar em um filme melhor). Não tenho a menor dúvida de que se fosse produzido na França, por exemplo, com um desenvolvimento melhorado e um pouco mais de classe, seria até hoje alvo de debates constantes nas reviews dos letterboxds (ou filmows) da vida por sua abordagem complexa da sexualidade humana. Por outro lado, os aspectos criativos são mais marcantes aqui porque deles nada se espera num filme dessa laia. Se isso é bom ou não, fica a cargo de cada um decidir.

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