segunda-feira, 22 de julho de 2024

Internato derradeiro (La residencia) - 1969

Também conhecido como: The house that screamed /  A Casa dos desejos

Sinopse: A senhora Fourneur (Lilli Palmer) é diretora de um colégio interno para senhoritas na França do século 19. Seus métodos rigorosos não são apreciados pelas estudantes. O clima sufocante da instituição fortalece nas internas a crença de que as três alunas que desapareceram sem deixar vestígios conseguiram, por sorte, fugir do internato. O que elas não sabem é que algo horrível está acontecendo enquanto tudo segue dentro da conservadora rotina da "residência".

Direção: Narciso Ibáñez Serrador

Elenco: Lilli Palmer, Cristina Galbó Teresa, John Moulder-Brown, Maribel Martín Isabelle


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Comentário: A ambientação não é atrativa para os seguidores deste blog: garotas no auge da ebulição sexual confinadas em uma residência. Sei que nosso leitor médio preferiria um cenário com homens peludos no auge da ebulição sexual e que estranhamente lembrem fisicamente o próprio pai, mas é isso, nem tudo pode ser como você quer!
La residencia é uma pérola gótica do diretor do ¿Quién puede matar a un niño?. É uma espécie de proto-giallo sóbrio do Mario Bava, evocando momentos de tensão sexual e requintes de fascismo (calma, calma, não se empolgue, é de uma perspectiva narrativa, dos personagens). Embora o drama prevaleça quase até toda a primeira metade, a tensão nunca cessa e tecnicamente o negócio é conduzido com maestria.
A restauração desse filme certamente o elevou a um patamar estético justo ao que sua atmosfera requer. Enfim, pouco a se dizer, mas assistindo o início quem saca já vai entender que tipo de filme é. E se dessa perspectiva ele parece manjado, não se preocupe, o clima e o charme da coisa toda são alto nível.

terça-feira, 21 de maio de 2024

Nenhum Passo em Falso (52 Pick-up) - 1986

Sinopse: Empresário fracassado que vive às custas de sua esposa, uma proeminente política em pleno processo eleitoral, começa a ser chantageado por uma trupe de pornógrafos. Mesmo tendo muito a perder, o empresário decide peitar os chantagistas. 

Direção: John Frankenheimer

Elenco: Roy Scheider
Ann-Margret
Vanity Vanity
John Glover
Clarence Williams III
Ron Jeremy






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Comentário: Junto ao "Jackie Brown", talvez a adaptação que melhor capta o espírito do Elmore Leonard - apesar da diferença na qualidade das obras ser abissal. É aquela traminha Supercine de sempre (os jovens de hoje sequer entendem essa referência?), mas a direção sórdida do Frankenheimer imprime simultaneamente um clima imundo irresistível e o máximo que o horror da estética oitentista pode oferecer, incluindo aí muita cocaína e um elenco recheado de célebres astros pornô - do Ron Jeremy, que hoje cumpre pena por assassinato, às atrizes que, naturalmente, acusaram abertamente o Frankenheimer de assédio durante a produção... e quem poderia esperar boas práticas empresariais da Canon? Os mais familiarizados com o tom do Leonard (eu próprio confesso que jamais li seus livros, mas vi adaptações deles de sobra) sabe que boa parte da graça tem a ver com seus personagens profundamente falhos e involuntariamente hilários, e ver o Roy Scheider mandar todos eles pro espaço é um belíssimo entretenimento.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

O Elevador Assassino (De Lift) - 1983

Sinopse: é isso aí mesmo, quer que eu explique o que

Direção: Dick Maas

Elenco: Huub Stapel
Willeke van Ammelrooy
Josine van Dalsum
Liz Snoyink
Wiske Sterringa











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Comentário: Ok, o tema é autoexplicativo, mas é preciso esclarecer algumas coisas. A principal é que "O Elevador Assassino" não é uma paródia, ou um terrir. Não é também um lixo metalinguístico babaca que nem o "Rubber". É um autêntico trash que tem a coragem não só de explorar ao máximo a própria premissa, mas também de se esforçar na justificativa. Você acha que o elevador está possuído? Nada disso, a explicação consiste em bio-chips de proteína que... err... se tornam sencientes, enfim. Outra coisa que pareceria ridícula é a ideia de que mais de uma pessoa poderia ser assassinada pelo mesmo elevador. Digo, depois de um tempo as pessoas se dariam conta que usar esse elevador é cilada, não? Se bem que né, no Brasil os retardados não só elegeram o Bolsonaro como por pouco não fizeram de novo... De qualquer forma, as repetições de atrocidades aqui são ao menos justificadas por uma gigantesca conspiração (de industriais japoneses) que tenta acobertar as falhas da nova tecnologia motivados por GANÂNCIA.
    É também muito engraçado (não involuntariamente, mas pela sinceridade mesmo) que o protagonista seja um técnico de elevadores amargurado, com o casamento por um fio, cujo predecessor foi internado em um hospício por chegar perto demais da verdade. Ou seja, um autêntico thriller policial, mas com um elevador no papel de serial killer. A coisa toda é muito dinâmica, o humor funciona, o gore é inesperadamente intenso e bem bolado e o clímax espetacular. "Elevador Assassino" pode ser lembrado com escárnio, mas a piada está com os idiotas que não foram capazes de ver suas qualidades autênticas.
 
Ah, e pontos pela chamada nos cartazes, "pelo amor de deus use as escadas!", que sempre me faz gargalhar.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

As Taras da Sétima Monja (La Settima Donna) - 1978

AKA THE LAST HOUSE ON THE BEACH 


Sinopse: Três rufiões invadem um convento recluso litorâneo (no... Brasil?), estupram as jovens freiras, matam uma com empalamento vaginal e depois são mortos e deu. Esse título brasileiro é de extremo mau gosto.

Direção: Francesco Prosperi

Elenco: Florinda Bolkan
Ray Lovelock
Flavio Andreini
Sherry Buchanan
Stefano Cedrati





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Comentário: Rip-off italiano, como TANTOS, do "Aniversário Macabro" do Craven, é o que se espera de um rape revenge sólido. Imundície sórdida, violência gráfica misógina que atinge níveis quase insuportáveis, atuações anti-naturais bizonhas, trilha fuleira com sintetizador, várias gatinhas, aquela dublagem mal feita e um final glorioso. É curto também. É o feijão com arroz da casa da mãe (apesar de que muitos aqui devem ter nascido na zona kk) que vocês doentes tanto gostam.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

O Último Mundo dos Canibais (Ultimo Mondo Cannibale) - 1977

Sinopse: Grupo de garimpeiros (tipo os bolsonaristas) é emboscado por uma tribo de canibais nas Filipinas. O resto já dá pra imaginar.

Direção: Ruggero Deodato

Elenco: Massimo Foschi
Me Me Lai
Ivan Rassimov
Sheik Razak Shikur










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Comentário: Você leitor do blog, que tem certa idade, que agora passa os dias observando os cabelo caírem e as crianças brincando no parque - seja para refletir sobre as escolhas que levaram à sua própria solidão e fracasso, seja por que pintou um clima tipo o Bolsonaro - volta e meia deve lembrar nostálgico de quando a internet começou a engatilhar no Brasil, naqueles tempos em que a vida era mais calma e os dias repletos de DESCOBERTAS, de POSSIBILIDADES. Excitados pelo universo que a banda larga e o Orkut abriram, muitos de nós viravam dias colados no computador (como era bom ter a internet em um lugar fixo, como um mundo paralelo, e não essa distopia grotesca), pesquisando em fóruns e blogs (esse próprio começou em 2010) tudo aquilo que as videolocadoras de bairro nunca puderam nos oferecer. Essa segmentação permitiu termos na intimidade do lar aquela mesma sensação de pegar uma cópia do "Faces da Morte" nas mãos, aquele misto de repulsa, constrangimento, medo, uma curiosidade incontornável por algo que parecia proibido.
    Foram nesses anos que muitos de nós assistiram notórias obras obscuras ou banidas do horror, e nada mais natural que a normalização desse acesso tenha nos dessensibilizado de apreciar parte do gênero. "O Último Mundo dos Canibais", da trilogia do Deodato composta por "Holocausto Canibal" e "Inferno ao Vivo" (esse é ruim), chama a atenção porque consegue, de alguma forma, resgatar esse senso de exotismo de outrora. O naturalismo claustrofóbico e incomum de suas locações, o elenco "desconhecido" (incluindo indígenas que parecem efetivamente explorados pelos produtores brancos), a violência hiper realista, a qualidade duvidosa do restauro da imagem e a semelhança com seu sucessor mais famoso 
    É mais tradicional que o "Holocausto" em termos formais, um clássico filme de sobrevivência, que surpreende pela sobriedade. Direto, sem firula, brutal, "Último Mundo" não decepciona de forma alguma no gore, e é curioso por ainda tentar ser uma ponte entre o público civil e nós, degenerados. Se trata da sexualidade e antropologia de forma ligeiramente mais contida, isso definitivamente não se aplica à questão da violência contra animais, que se aqui é reduzido em número, compensa pelo sadismo (fica aqui, falando a sério, o alerta para um momento específico envolvendo um crocodilo que dá vontade de desligar a tv). A ameaça inerente do estupro, a trilha sonora bizonha e sonoplastia incrível (no sentido de efetivamente não ser crível) dão o toque de italianagem final. 
    Esse é para os eternos saudosistas do horror; esse último mundo canibal é também o nosso último refúgio.

sexta-feira, 1 de março de 2024

Em Rota de Colisão (Stuck) - 2007

Sinopse: mendigo preso no para brisa de carro

Direção: Stuart Gordon 

Elenco: Mena Suvari
Stephen Rea
Russell Hornsby
Rukiya Bernard
Carolyn Purdy-Gordon











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Comentário: O último do mestre Stuart Gordon está bem longe da nojeirada que o consolidou, mas o que diferencia esse suspense fuleiro é, justamente, sua bagagem do body horror, que "eleva" (mas não muito) o que seria, na mão de qualquer outra pessoa, um Supercine esquecível. A trama baseada em fatos reais é isso aí mesmo, o mendigo fica preso no para brisa de uma cracuda - como está maravilhosamente ilustrado nesse cartaz digno de caixa de dvd de balaio das Americanas -, e a história se desenvolve como uma espécie de filme de sobrevivência (da perspectiva do mendigo, Stephen Rea, ator de filmes muito melhores, que entrega tudo de si) e uma comédia de erros sem graça (da perspectiva da cracuda e seu namorado tentando sem sucesso resolver a situação enquanto os dias passam). A mão do Gordon, contudo, é sentida especificamente nos momentos em que é detalhado o estado fisiológico da vítima, momentos pontuais que dão um tempero especial por serem dolorosamente gráficos (em uma cena particularmente chocante o coitado tenta tirar o um pedaço de carro que perfura seu abdômen, com resultados porcos). É um filme que não funciona plenamente em nada do que se propõe, mas que é assombroso o suficiente para ser uma despedida digna do Gordon.

Aproveitando o ensejo, fica aqui a recomendação também de outro da fase tardia do Gordon, "Edmond", sobre a jornada de empoderamento de um bolsonarista retardado (pleonasmo) cuja conclusão lógica se reflete também na vida real.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

The Appointment - 1982


Sinopse
: Cortando caminho por um bosque enquanto volta para casa, uma garota é abduzida por uma força malígna invisível. Três anos mais tarde, outra menina e sua família são afetadas pela mesma força – primeiro em sonhos que soam como premonições, depois de maneiras assustadoramente reais.


Direção: Lindsey C. Vickers

Elenco: Edward Woodward, Jane Merrow, Samantha Weysom







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Comentário: A cena inicial é surpreendente. Do tipo que inevitavelmente você já se pega perguntando o que teria levado esse filme a ser tão obscuro. O transcorrer, no entanto, justifica: sutil demais para ter o mínimo de apelo para fãs retardados do cinema de horror. E quando digo sutil demais, não estou sendo generoso, vai por mim, talvez esse seja o filme de terror mais sutil da história do cinema.
Trata-se de mais um daqueles atmosféricos, como um interminável sonho febril. Muitas vezes, e aqui está um ponto negativo bem considerável, as cenas de suspense duram até demais, alguns bons segundos excessivamente esticadas. E não dá nem para questionar "porra, cadê o editor pra cortar isso?", porque se percebe que a direção tem muita, muita personalidade, o que torna a dilatação dessas cenas perdoáveis.
Falando na direção, que pedrada. Tratando-se de um debute, é monumental. Porém, infeliz e inacreditavelmente, foi a única obra do diretor. Hoje em dia o filme é bastante desconhecido, até por ter sido perdido por décadas (aquela coisa de sempre), mas já é relativamente cultuado, às vezes até desproporcionalmente por cinéfilos bocós (aquela coisa de sempre).
E já antecipando, burros do jeito que vocês são, vou explicar a história em linhas gerais: a menina, filha do casal protagonista, é uma representação de uma espécie de "bruxa", que conjura seus poderes malignos a partir de eventos/pessoas que a incomodam. Ou seja: a menina da cena inicial, por ser sua rival e o seu pai, por faltar ao concerto, acabaram sendo vítimas. No caso, a essência do argumento é a seguinte: e se uma bruxa incorporasse em uma adolescente num contexto moderno e essa acabasse usufruindo dos seus poderes em situaões mesquinhas tipicamente vivenciadas por uma adolescente? Interessante né?

sábado, 13 de janeiro de 2024

Homebodies - 1974


Sinopse: Quando um grupo de tranquilos idosos tomam conhecimento que suas casas serão demolidas para dar lugar a blocos de apartamentos, eles decidem tomar uma atitude. O que começa como uma tentativa de desencorajar os empreiteiros, logo se torna algo bem mais violento...

Direção: Larry Yust

Elenco: Paula Truema, Peter Brocco, Frances Fuller, William Hansen, Ruth McDevittn





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Comentário: Algumas narrativas são atemporais, não adianta. Da mesma forma que "A Chave de Vidro" do Dashiel Hammett é um clássico da literatura noir e inspirou obras de qualidade em contextos totalmente diferentes, como Yojimbo, Por um Punhado de Dólares, O Último Matador (esse nem tão bom) e Ajuste Final, Homebodies não deixa de ser aquela suculenta clássica história de western do empoderamento do oprimido diante da ameaça de desapropriação em razão do avanço da ferrovia. A grande sacada desta vez é usar velhos, um elemento sempre interessante. Aliás, o fato de ser um grupo de velhos é muito coerente, pois facilita a justificativa de encorajamento — nós, brasileiros, entendemos bem o estrago que uma cambada de velhos fodidos unidos é capaz de fazer na frente de quartéis, por exemplo (no caso, estrago me refiro à imundice, no nosso caso).
Porééém, infelizmente, o deslize de Yust é muito insistente para se relevar, mas o fato é que os últimos 20 minutos do filme são totalmente desnecessários. Não justificam a obscuridade de Homebodies, é verdade, mas pesam. 
Aí você vai dizer que essa sinopse lembra do Aquarius — se é que alguém lembra de Aquarius hoje em dia. Mas se você lembrou, pense que é o Aquarius dirigido por alguém... mais esperto e espirituoso, ou menos brasileiro. Talvez espirituoso demais, pois Homebodies se perde aqui e ali no humor, mas o saldo proveitoso é muito maior. Filme diferentão e sagaz.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

The Exorcism - 1972

AKA

"Dead of Night: The Exorcism"

"The Exorcism by Don Taylor"

Sinopse:  casal burguês socialista convida casal de amigos burgueses socialistas para a Ceia de Natal na sua nova casa, uma cabana reformada no interior da Inglaterra. Uma série de eventos estranhos logo preocupa o grupo, que se força a aceitar que algo de sobrenatural se desencadeia na noite. Tem 50 minutinhos.

Direção: Don Taylor

Elenco: Anna Cropper, Sylvia Kay, Edward Petherbridge, Clive Swift



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>> Link direto + legenda

Observação: o release na verdade não é um release. Simplesmente peguei uma versão postada no youtube e baixei num daqueles sites gratuitos fuleiros. Então, se a imagem original já era cagada (nunca foi lançado fisicamente, pelo que li), piorou na compressão e tá arquivo direto porque tem míseros 95MB. E a legenda tá medonha, tem alguns trechos que tá em quatro linhas. MAS É EXCLUSIVA, DE NOVO, ENTÃO NÃO RECLAMA!

Comentário: Esse filme na verdade não é um filme. É um episódio de uma série de sete curtas de terror — o único a ter feito sucesso. E o exorcismo na verdade não é um exorcismo propriamente dito, ou popularmente estabelecido após o filme do Friedkin (que viria depois), tem lá uma possessão, mas é bem respeitosa e era isso. E quando eu disse que fez sucesso também era mentira. Ele se sobressaiu aos outros episódios — que eram obviamente medíocres — e hoje é relativamente cultuado, mas para por aí.
E o pior é que é bom mesmo. Dá inclusive uma tristeza ver um argumento bom, um texto tão bem escrito e interpretado se alongar por miseráveis 50 minutinhos.
Aprofundando mais essa sinopse aí... os casais têm um ar petulante inerente do burguês socialista  somado ao ar desagradável natural do sotaque e do biotipo (cara amassada) britânico, mas são simpáticos, até certo ponto. Ou talvez só lembrem aqueles amigos com discurso político afiado que todo mundo tem, mas que ninguém leva a sério (e não, não me refiro a você, leitor, você não é levado a sério porque tem quase 40 anos e ainda mora com a mãe).
Pelo menos o filme faz bom uso da ostentação intelectual que eles fazem questão de exibir: todo evento sobrenatural é sucedido de uma reflexão filosófica, social ou racional. Ou seja, não tem personagem abobado fazendo escândalo toda hora. Tudo é debatido de uma forma interessante e os próprios eventos são bem apresentados.
E pela produção visivelmente miserável, a atmosfera é muito sombria e elegante. Tem outro filme de casa assombrada postado no blog que esbanja sutileza e charme (aqui), mas nem se compara a esse, que consegue construir e reproduzir o medo apenas na reação e falas dos personagens, sem muito exibicionismo.
A conclusão pode ser duvidosa. Por ter um clima tão imponente, particularmente esperava uma explicação sobrenatural pragmática e esperta que fizesse jus ao todo. Mas acaba como um comentário político debochado. No final das contas, a casa é só a materialização do sonho de todo pobre em querer ver o burguês socialista tombado na própria hipocrisia.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Harry Chegou Para Ajudar (Harry, un ami qui vous veut du bien) - 2000


Sinopse: Num posto de beira de estrada, Michel (Laurent Lucas) é abordado por Harry (Sergi López), um homem de quem Michel não se lembra mas que afirma ser um velho colega de escola. Harry segue até onde Michel e sua família vão passar as férias e começa a se aproximar. Aí fica uma coisa estranha, se quiser saber assista.

Direção: Dominik Moll

Elenco: Laurent Lucas, Mathilde Seigner, Sergi López, Sophie Guillemin







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Comentário: A essa altura você já deve ter visto o 'Speak no Evil', filme de terror europeu de 2022 feito na medida pro leitor burro médio desse blog (se não viu, vá procurar em outro lugar, não é difícil achar). O "Harry..." tem uma premissa relativamente semelhante: dois casais se encontram aleatoriamente e se entrosam, permitem a aproximação íntima e a partir daí o negócio sai do controle gradativamente. O que muda é que enquanto o Speak no Evil enfatiza muito o constrangimento da coisa toda e o eventual choque, esse outro aí de nome esquisito vai só na maciota, na elegância. É o Speak no Evil se dirigido por um Hitchcock com um toque de viadagem francesa (calma, não precisa baixar tão rápido, foi só uma analogia). A cadência do ritmo é pura maestria de direção, nesse sentido lembra o Spoorloos (que você não deve ter assistido também porque não está na sua alçada intelectual).
Outro lance interessante é que na oposição total ao Speak no Evil, os personagens são racionais. O protagonista que não é o Harry é um cara que só parece abobado, mas é esperto e toma decisões lógicas. E metáfora sobre masculinidade é muito mais sofisticada.
E não tem nada de choque no final, seu ignorante. Na verdade é melhor você nem baixar. Vai embora daqui.

domingo, 3 de dezembro de 2023

A Maldição do Necrotério (The Boneyard) - 1991


Sinopse: Detetive convence uma sensitiva renovada a ajudá-lo a resolver uma série de crimes. Quando os dois vão a um necrotério examinar os corpos de algumas vítimas, ficam presos, junto com os funcionários, nos seus porões e são atacados por três crianças orientais vítimas de uma maldição (ou mais uma maldição, além de serem orientais) que as transformam em terríveis seres (piores do que orientais!).

Direção: James Cummins

Elenco: Deborah Rose, Denise Young, Ed Nelson, James Eustermann




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>> 720p:  Magnetic Link

Legenda

Mas quem é macho mesmo assiste essa versão podre com estética de VHS: https://www.youtube.com/watch?v=napUy3lHacw


Comentário: Por alguns detalhes The Boneyard não logra de maior reconhecimento. Um deles é o anacronismo: foi lançado tarde demais para conseguir sustentar seu clímax em animatônicos e cedo demais para se destacar com sua combinação de gore e humor. Também sofre de alguns problemas de condução, seu ritmo é irregular e as cenas movimentadas passam rápido demais.
Mas tudo de bom que poderia se pedir em pleno auge do VHS está ali: bastante sombra e textura carregada; elementos narrativos típicos, como protagonista detetive cansado e sidekick com poder paranormal (embora espertamente sutil, nesse caso) e atribuição de maldições a imigrantes.
Mas o maior destaque certamente são os efeitos e a maquiagem — as crianças mendiguinhas canibais ficaram ótimas.
Ah, e se você conhece esse filme provavelmente é por dois motivos: ou viu no SBT ou já viu essa famigerada capa abaixo. E apesar desse pôster suscitar uma tranqueira da década de 70 que ninguém teria paciência de ver, a aparição da criatura é digna! O poodle gigante zumbi é bem feito e a sequência é divertida. Diria, inclusive, que é o melhor uso de um poodle gigante da história do cinema (chupa Ang Lee, seu bosta).

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Long Live Life (Viva La Vie) - 1984

Sinopse: No auge da Guerra Fria, dois franceses que jamais se conheceram, um homem e uma mulher, acordam - aparentemente teleportados - no meio de um deserto, a milhares de quilômetros de suas casas. O mistério chama ainda mais a atenção do mundo quando ambos revelam que, gravados no seu inconsciente, está um ultimato de uma raça alienígena exigindo a eliminação do arsenal atômico do planeta. 

Direção: Claude Lelouch

Elenco: Charlotte Rampling
Michel Piccoli
Jean-Louis Trintignant
Evelyne Bouix
Charles Aznavour




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Comentário: Uma obscuridade curiosa, recheada com o melhor elenco que a França poderia oferecer. Começa daquele jeito francês de sempre, meio ressaca da novelle vague, meio lembrando a filmografia do Godard dos anos 80 (deus me livre), só que aí vai adentrando a ficção-científica apocalíptica e... bom, esse é um daqueles que depende exclusivamente do seu plot twist final (que é bem bolado), mas o leitor que não é retardado (eleitor do bolsonaro), vai sacar bem rápido porque um certo celebrado autor barbudo copiou o negócio de uma forma até chocante de tão descarada. Opa, os fãs do Zack Snyder podem antecipar o final também, então sim, esse é um filme acessível a todos, até os retardados.

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

The Man Who Stole The Sun (Taiyô wo Nusunda Otoko) - 1979

Sinopse: Excêntrico professor escolar começa a construir em sua casa, secretamente, uma bomba atômica. Uma vez pronta, ele passa a se divertir chantageando o governo japonês com exigências esdrúxulas e banais. Aos poucos, seu comportamento se torna cada vez mais errático e imprevisível, o que leva um implacável detetive da polícia a caça-lo, mas seu maior inimigo é outro: a contaminação radioativa, que vagarosamente começa a se manifestar...

Direção: Kazuhiko Hasegawa

Elenco: Bunta Sugawara
Kenji Sawada
Kimiko Ikegami
Kazuo Kitamura
Shigeru Kôyama



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Comentário: Escrito pelo irmão menos católico do Shcrader, "O Homem Que Roubou o Sol", em bom português, é uma montanha-russa emocional. Cada estágio da trama tem, mesmo que não declaradamente, um tom e estilo distinto, quase como se fossem vários filmes costurados em um (ou um filme dirigido linearmente por múltiplos diretores). Termina de uma forma sangrenta, brutal e apocalíptica (útima cena memorável, diga-se), em nada lembrando o ato anterior onde o professor se diverte mantendo o mundo de refém, ao que também se seguiu à fabricação do artefato nuclear, aí sim, um autêntico filme de assalto (e com mais interesse na ciência, por exemplo, do que a também fabricação de uma bomba atômica no "Oppenheimer", pra citar algo contemporâneo). Essas mudanças às vezes são desconcertantes, e somando-se a isso certos maneirismos do cinema japonês que ocasionalmente nos parecem alienígenas (sem falar na duração, só meia hora a menos que o... "Oppenheimer"), fazem do "Homem..." uma experiência por vezes desafiadora, mas amplamente recompensadora. Não é o melhor filme já feito, mas há algo nele estranhamente memorável, daqueles que ficam na lembrança mesmo anos depois de terem sido vistos, mais duradouro até do que filmes objetivamente melhores... como o "Oppenheimer".