Sinopse: O coveiro Zé do Caixão, obcecado pela ideia de gerar o filho perfeito, um ser superior livre de dogmas religiosos ou códigos sociais e que age apenas pelo instinto, rapta diversas mulheres e as submete a brutais torturas. Quem sobreviver estará apta a conceber seu filho. Ele descobre, porém, que entre suas vítimas fatais estava uma mulher grávida. Corroído pela culpa, Zé vai aos poucos enlouquecendo e se tornando cada vez mais violento e imprevisível.
Direção: José Mojica Marins
Elenco: José Mojica Marins
Tina Wohlers
Nadia Freitas
Jose Lobo
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Comentário:
“Esta
Noite Encarnarei No Teu Cadáver” é, sem a menor sombra de sarcasmo, a
obra-prima de José Mojica Marins. A continuação de “À Meia-Noite Levarei Sua Alma” segue o esquema da continuação
que é quase um remake de seu
predecessor, só que maior em
tudo - e é um dos exemplos raros exemplos onde isso efetivamente funciona. Se antes Zé do Caixão era um simples serial killer, agora ele age movido por firmes convicções
ideológicas e filosóficas. Se antes agia sozinho, agora conta com um capanga
corcunda e deformado no melhor estilo Igor do Dr.
Frankenstein. E se antes seu inimigo era sua própria loucura, aqui ele
enfrenta, além disso, oponentes de peso: grandes produtores
agropecuaristas, conservadores, a Igreja e o maior inimigo de todos, esse fora das telas: a ditadura militar, que vetou o final original e exigiu de Mojica um desfecho cristão edificante (que apesar de tudo, é estranhamente adequado de uma forma involuntariamente sarcástica). (Mais) Um sinal da estupidez dos militares: o personagem de Zé
do Caixão, em todo o seu ateísmo fanático e desprezo pela ordem vigente, antes de ser uma crítica subversiva, é o oposto. Zé é um psicopata justamente pela sua falta de Deus no coração - e o final enxertado foi devidamente corrigido no contemporâneo "Encarnação do Mal", para deleite dos aficcionados.
Tende-se a comparar Mojica com outros
cineastas de seu tempo, como Mario Bava na Itália ou Roger Corman nos EUA. Mas
há algo que o distancia de todos eles: se Corman fazia filmes de horror em um
país cuja indústria cinematográfica sempre viu no gênero seu pilar central de
sustentação, e se Bava fazia experimentos visuais em uma Itália cuja produção fílmica está em estado permanente de ebulição, Mojica fazia do horror a sua aventura em um país que mal e porcamente se dedicava ao cinema de gênero como um todo, que dirá de terror (um exemplo do pioneirismo visual de Mojica que não deixa nada a dever para suas contrapartes do primeiro mundo está
na sequência colorida em Zé do Caixão sonha ser arrastado ao inferno - feito de gelo,
diga-se). Afora o aprumo visual, “Esta Noite
Encarnarei No Teu Cadáver” é um patrimônio nacional pela sua pura alegria em ser perverso.
Cara... Nunca li uma crítica tão completa, tão justa, tão inteligente e tão perfeita à obra do Mojica.Parabéns Pedro Rech!
ResponderExcluirMuitíssimo obrigado, comentarista convenientemente anônimo que não sou eu.
ResponderExcluirExcelente resenha desta magnífica obra-prima do cinema de horror mundial!!!
ResponderExcluirSÓ tem opção torrent? Faz isso não. Coloca em link direto também por favor!
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